A Associação de Escolas de Surf de Portugal escreveu uma carta aberta ao governo a pedir a reabertura a partir de 2 de maio
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A Associação de Escolas de Surf de Portugal (AESDP) enviou uma carta aberta ao governo, solicitando o regresso às ondas logo após o terceiro Estado de Emergência.
A associação compromete-se a apresentar um manual de contingência e novas práticas.
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Carta aberta da Associação de Escolas de Surf de Portugal:
Como associação que representa um subsector específico, tanto do desporto como do turismo, vimos desta forma partilhar a realidade dos agentes de ensino das modalidades de deslize em ondas perante o atual momento, bem como sugestões de atuação que permitam reduzir os fortes impactos por estes sentidos.
Deve-se entender a presente carta como o contributo de um grupo de especialistas das modalidades de deslize, presentes nas praias portuguesas 365 dias por ano, para a definição de uma estratégia de regresso a uma atividade que conta já com cerca de 900 operadores registados no Turismo de Portugal, que tanto contribuem para a economia e para a criação da imagem do nosso país lá fora.
Assim, considerando que:
• As modalidades de deslize em ondas são praticadas ao ar livre e não implicam qualquer contacto entre praticantes;
• Estas modalidades, à semelhança dos demais desportos de natureza, pelas suas características representam um enorme benefício para o bem-estar e para a saúde física e mental de quem as pratica; De: Associação de Escolas de Surf de Portugal Para: Primeiro-Ministro CC: Presidente da República Portuguesa CC: Presidente da Assembleia da República Portuguesa CC: Ministro da Defesa Nacional CC: Ministro do Mar CC: Secretária de Estado do Turismo CC: Secretário de Estado da Juventude e do Desporto CC: Almirante da Autoridade Marítima Nacional CC: Presidente da Federação Portuguesa de Surf Matosinhos, 17 de abril de 2020 AESDP Associação de Escolas de Surf de Portugal Rua Brito Capelo, n.º 807 | 4450-076 Matosinhos
• A interdição desta atividade teve início ainda antes da declaração do Estado de Emergência, através de Editais das diversas Capitanias emitidos a 14 de março;
• A esmagadora maioria destes operadores são microempresas, fortemente sazonais, que como tantas outras do sector turístico, foram atingidas no pior momento possível ao nível da sua sobrevivência e gestão financeira;
• Além das empresas, há ainda vários operadores pertencentes a clubes e associações sem fins lucrativos, que não foram ainda considerados nos apoios para a resposta à atual crise;
Tendo em conta o supra exposto, vem este grupo de Escolas, Gerentes, Empresas, Treinadores e demais agentes do sector de ensino de surfing, comunicar o seguinte para consideração de Sua Excelência:
1. Consideramos fundamental que o espaço das ondas seja gradualmente aberto à utilização desportiva, recreativa e comercial. Nomeadamente, imediatamente após o final do período de Estado de Emergência, possibilitando a prática livre recreativa de praticantes. Simultaneamente, será essencial nesse mesmo momento permitir aos operadores de ensino das modalidades de deslize retomar a atividade, cumprindo um limite máximo de 4 praticantes por cada treinador e um distanciamento mínimo entre todos de 2 metros lineares. Neste momento, todos os operadores deverão manter as suas instalações, balneários e afins, fechados ao público;
2. Posteriormente, recomendamos que decorridos 14 dias da medida referida no ponto anterior, seja analisada a possibilidade de se implementar uma segunda fase, nos seguintes termos: abertura das instalações apenas para mudança de roupas dos praticantes, antes e depois da atividade, mantendo-se o rácio entre treinadores e praticantes e o distanciamento entre eles;
3. Numa fase posterior, quando se entender que estejam reunidas as condições, abrir as instalações ao público, seguindo todas as indicações das autoridades. Ao nível da prática da atividade, implementar os rácios treinador-praticantes definidos pela respetiva Capitania, mas mantendo sempre a distância mínima de 2 metros entre praticantes.
Da nossa parte, comprometemo-nos a criar e apresentar um manual de contingência e de novas práticas a aplicar por estes operadores a partir do momento em que lhes seja possibilitado o acesso às ondas, incluindo a reformulação das instalações por forma a cumprir com todas as indicações da Direção Geral da Saúde, bem como ao nível da desinfeção de todos os materiais utilizados durante as atividades (fatos de neoprene, pranchas, etc.). AESDP Associação de Escolas de Surf de Portugal Rua Brito Capelo, n.º 807 | 4450-076 Matosinhos
Reforçamos que as atividades de deslize em ondas não implicam qualquer forma de contacto ou ajuntamento, e que todas as indicações gerais nestes domínios serão naturalmente cumpridas. Aliás, os próprios operadores de surf são, tradicionalmente, guardiões das praias que contribuem para o dinamismo, segurança e usufruto das mesmas durante todo o ano. Também neste momento tão difícil, poderão estes operadores ser autênticos agentes de saúde pública, estando presentes no terreno por forma a salvaguardar e garantir o cumprimento das medidas sugeridas, bem como das medidas gerais que forem definidas para as praias e as suas imediações.
Entende a Associação de Escolas de Surf de Portugal que, graças ao sucesso das medidas de confinamento e isolamento social implementadas e à adesão e sacrifício de toda a população, o nosso país deu uma resposta extremamente positiva no combate à propagação do vírus, algo pelo qual devemos todos estar orgulhosos.
Contudo, será agora igualmente importante assumir a responsabilidade e a coragem de irmos aos poucos saindo de casa, dando às empresas uma lufada de ar fresco e possibilitando à população a prática de atividades de ar livre em contacto com a Natureza, estando todos coletivamente conscientes da absoluta necessidade de cada uma das atividades ir lentamente fazendo o seu caminho de regresso a algo que se assemelhe à normalidade.
Estamos conscientes que as medidas aqui propostas deverão ser coordenadas e conciliadas com outras relativas às restantes atividades e utilizadores, pelo que nos colocamos naturalmente ao inteiro dispor para reunir digitalmente e para esclarecer e contribuir com o que for necessário.
Desejamos toda a força e saúde aos membros do Governo, da Assembleia e da Presidência da República, para que possam continuar a enfrentar os imensos desafios causados por esta pandemia.