Lance Armstrong admitiu ter-se dopado para vencer as sete edições da Volta a França. Declarações na primeira parte da entrevista a Oprah Winfrey.
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A primeira pergunta de Oprah Winfred: "Alguma vez tomou substâncias dopantes?" A resposta de Lance Armstrong: "Sim". Está lançado o mote da entrevista do ex-ciclista, cuja primeira parte foi emitida esta madrugada nos Estados Unidos. "Não sentia que estava a cometer ilegalidades. Dopar-me fazia parte do meu trabalho".
A primeira parte da entrevista é demolidora, com Armstrong a assumir que se dopou nas sete edições da Volta a França que venceu. "Era impossível vencer o Tour por sete vezes sem ter-me dopado". E confessa que, na altura, nunca sentiu qualquer remorso por estar a contrariar as regras. "Isso é o mais preocupante", diz ao mesmo tempo que confessa só agora estar a tomar consciência da magnitude das suas ações. "Começo por dizer que agora é demasiado tarde. E a culpa é minha. [...] A história foi perfeita durante muito tempo. Casado e feliz, filhos, vencedor do Tour por sete vezes..."
Ainda numa primeira fase da entrevista a Oprah, o ex-ciclista explica a opção com a obsessão de ficar na história do desporto. "Primeiro foi o cancro, depois o Tour. Todos os erros são culpa minha. A história ia acontecendo e perdi-me", confessa.
A dado momento da entrevista, enquanto assiste a vídeo em que, no pódio em Paris, fala da proeza de vencer sete edições do Tour, Armstrong usa palavras claras. "Vejo agora e tudo isto parece-me ridículo. Esta foi a última vez que venci a Volta a França. Patético", afirma.
Antes, o ex-ciclista enumera o seu "cocktail" dopante: cortisona, EPO e transfusões de sangue. "Dizer que é o mais elaborado programa de dopagem de todos os tempos... Aí está a Alemanha de Leste da década de 1970", refere sem, contudo, chamar atenção para o facto de não ser o único ciclista a ter acesso ao doping. "Não tive acesso a nada que outros não tinham", afirma por diversas vezes.
Questionado também se durante a sua carreira havia ciclistas que competiam ser doping, fala em "cinco heróis" num pelotão de 200 ciclistas. "Era a cultura da época. Havia quem corresse limpo? Não chamarei mentiroso a ninguém, mas isso não é verdade", defende, negando que alguma vez tivesse ameaçado despedir um colega por este negar-se dopar.
Oprah pergunta como foi possível nunca ter acusado positivo. "Foram centenas de controlos, mas não acusava nada porque não havia nada no meu organismo", responde. Armstrong nega que alguma vez tenha subornado a UCI para ocultar provas e menos ainda de ter influenciado o Departamento de Justiça que abandonou as investigações após as denúncias de Floyd Landis. "É muito difícil influenciar a esse nível", diz.
Futuro? Confessa amar o ciclismo e o Tour, mas assume que errou e prejudicou a modalidade e o seu mais importante evento. "Não sou eu que vou dizer que devemos limpar o ciclismo. Mas estarei na primeira fila de qualquer comissão que ajude a melhorar a imagem do ciclismo", diz.