Gonçalo Oliveira é o jogador com o maior número de torneios e encontros no circuito profissional em 2017. E esqueceu o Natal para jogar em Hong Kong.
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No início da carreira profissional, Gonçalo Oliveira começou por viajar pela Europa com o pai numa carrinha, antes de o passarem a fazer numa autocaravana. O portuense não desgosta da vida de "globetrotter".
Quando começou a competir mais assiduamente, as deslocações nem sempre eram as mais cómodas?
-Por incrível que possa parecer, tenho saudades desses tempos em que viajávamos de autocaravana. Parecia tudo muito mais fácil. Às vezes bastava uma viagem de duas horas para estarmos noutro torneio. E sempre se evitavam aquelas terríveis horas a fio nos aeroportos.
Para quem está sempre a competir por esse mundo fora, deve ser difícil ter uma vida amorosa estável?
-Vou tendo uma namorada em cada país [sorri]. Nesta fase da minha vida não penso numa relação estável; primeiro por não ser possível com tanta viagem e torneio, e depois por estar ainda numa idade em que me posso divertir.
Só na cidade tunisina de Hammamet, disputou 18 torneios future...
-Foi onde joguei mais, principalmente no início do ano, quando o meu pai ficou doente e não me pôde acompanhar. Hammamet tem 40 futures por ano e beneficia do facto de o complexo de ténis estar nos terrenos do hotel.
Os futures e os challengers são torneios que atraem redes organizadas no aliciamento de atletas. Para se perder um encontro, há quem ofereça muito dinheiro, estando tudo ligado ao mundo das apostas desportivas. Já foi alvo desse assédio?
-Muita dessa gente já sabe que não alinho nesses esquemas. Recebo mensagens nesse sentido, mas logo no mesmo segundo reencaminho-as para a Integrity Unit [entidade criada para combater a corrupção no ténis].
No último campeonato nacional absoluto, na Beloura, um dos promotores - Francisco Pita - disse, e passo a citar, que houve jogadores a pedir 20 mil euros de cachê, bilhete de avião em primeira classe e hotel de cinco estrelas...
-Não sei a quem é que essa pessoa se referia. A mim nem sequer perguntaram se estava interessado em disputar o Nacional e também nunca contactei fosse quem fosse, pois esse campeonato não faz parte da minha programação.
Tem alguns apoios da Federação Portuguesa de Ténis?
-Zero!