"Dizem-me que é muito difícil chegar à F1, ainda mais sendo português"

O próximo ano vai ser de grandes desafios para Noah Monteiro. O filho de Tiago Monteiro e Diana Pereira está determinado a seguir as pisadas do pai na caminhada até à Fórmula 1, tendo passado os últimos meses em testes por várias pistas, para preparar a estreia na Fórmula 4. Em outubro, o prodígio de 15 anos apresentou o seu projeto “Road To F1”, na Exponor, e mostrou o monolugar com o qual vai competir na Winter Series (início a 7 de fevereiro, em Jerez), seguido do campeonato espanhol de Fórmula 4, estando atualmente numa roda viva. “O trabalho começou a aumentar. Tivemos de adaptar-nos rapidamente ao carro e perceber o nível que vamos ter. Tenho feito testes praticamente todas as semanas”, conta a O JOGO, durante uma viagem até Portimão, para testar no Autódromo do Algarve.

Duas vezes campeão nacional de karts até 2021, Noah Monteiro também arrecadou o título francês em 2022. Há dois anos estreou-se no Campeonato do Mundo de karts, dando esta época nas vistas com, a obtenção de cinco “poles”. Agora, está pronto para dar o salto. “Não temos propriamente uma ideia do que vai acontecer. Mas o objetivo é ser campeão, obviamente”, estabelece o jovem piloto, que fez a primeira corrida com sete anos, praticamente na mesma altura em que compreendeu como tinha sido a passagem do pai pela Fórmula 1 - obteve um histórico pódio português em 2005. “Só lá para os sete ou oito anos é que realmente percebi. Antes não conseguia entender o que tinha acontecido. Só quando cresci comecei a ter noção”, revela.

Desde 2006, e após a saída de Tiago Monteiro, mais nenhum luso chegou ao Grande Circo. António Félix da Costa esteve próximo, em 2013, para a Toro Rosso, mas um jogo de interesses deu o lugar ao russo Daniil Kvyat. Por isso, não admira que Monteiro ouça vozes céticas. “Uma das coisas que mais me dizem é que é muito difícil chegar à Fórmula 1, ainda mais sendo português. Mas isso não me desanima. Quero provar que consigo”, responde o jovem, admirador de Max Verstappen, Yuki Tsunoda e Liam Lawson.

“Cresci a acompanhar o meu pai e sei bem o que é o stress das corridas”

Quando Noah Monteiro nasceu, Tiago Monteiro já tinha saído da Fórmula 1 e corria no Mundial de Carros de Turismo, sendo desse campeonato as principais memórias do jovem. “A minha infância toda foi a acompanhá-lo. Sei muito bem o que é ir com o meu pai para as corridas e o stress que eu também tinha. Por exemplo, ia muito às corridas da Hungria, a outras também na Europa e algumas fora. E tenho memórias, especialmente dos resultados em Vila Real”, recorda, em referência aos quatro triunfos do progenitor no circuito transmontano.

Aulas nos regressos a Portugal

Apesar das viagens e do calendário cada vez mais preenchido, Noah Monteiro continua a conciliar as corridas com a escola. Esta época está a frequentar o 10.º ano, tendo optado pelo agrupamento de Economia. “Normalmente tenho as aulas quando volto para Portugal, faço horas extra com professores. Enquanto os meus colegas estão a ter algumas aulas, eu estou a ter outras sozinho. Quando estou fora, levo alguns trabalhos para fazer”, explica o jovem.

Campos é das “melhores escolhas”

Para a estreia na Fórmula 4, Monteiro vai correr pela Campos Racing, formação espanhola de largo historial, que já tentou o ingresso na Fórmula 1 duas vezes e teve pilotos como Fernando Alonso, Sergio Pérez, Lando Norris e Franco Colapinto. “Se não foi a melhor escolha, foi uma das melhores, não só pela oferta, mas pela altura em que surgiu uma oportunidade tão boa. Obviamente, vamos ter o apoio necessário, tal como os nossos colegas de equipa, que vão estar idênticos”, destaca, sabendo que pelos espanhóis pode fazer carreira até à Fórmula 2, último passo antes da F1.