"Deve-se muito a Quintana termos chegado aqui", refere presidente da Federação de Andebol
O presidente da Federação de Andebol de Portugal (FAP), Miguel Laranjeiro., espera que a seleção possa honrar em março o sonho olímpico do guarda-redes do FC Porto Alfredo Quintana
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O presidente da Federação de Andebol de Portugal (FAP) desejou que a seleção possa honrar em março o sonho olímpico do guarda-redes do FC Porto Alfredo Quintana, que morreu esta sexta-feira, aos 32 anos.
"É evidente que ele e os colegas tinham o sonho de chegar a Tóquio'2020. Estou certo de que a seleção tudo fará por esse sonho. As circunstâncias são muito difíceis, como compreendem, mas, a haver uma presença de Portugal nos Jogos Olímpicos, também será a presença do Alfredo", referiu o presidente Miguel Laranjeiro.
Quase um mês e meio depois do histórico 10.º lugar no Mundial 2021, os "heróis do mar" vão lutar por uma presença inédita no torneio de andebol masculino do maior evento multidesportivo mundial, adiado por um ano devido à pandemia de covid-19.
Entre 12 e 14 de março, a formação orientada por Paulo Jorge Pereira vai defrontar França, Croácia e Tunísia no Grupo 2 do torneio pré-olímpico, na cidade gaulesa de Montpellier, tendo em vista a concretização de um desejo antigo no próximo verão.
"Deve-se muito a ele termos chegado aqui. Se conseguirmos esse apuramento, será dedicado a ele, até porque todos têm este espírito de união à volta de um grande campeão, atleta e homem", assumiu o líder federativo, admitindo "não ser fácil ficar conformado" perante um "choque muito grande e absolutamente inesperado".
Um dia depois de ter assinado dois golos na vitória sobre o Águas Santas (34-26), num encontro de atraso da 13.ª jornada da Liga, Alfredo Quintana sofreu uma paragem cardiorrespiratória num treino do FC Porto e deu entrada no Hospital de São João.
O guarda-redes, de 32 anos, esteve internado desde segunda-feira na Unidade de Cuidados Intensivos, em situação clínica estável, mas com prognóstico muito reservado, tendo o hospital comunicado esta manhã ao FC Porto a declaração do óbito às 12:00.
"Falamos de um atleta de eleição e de um homem de excelência. O Alfredo vai deixar de estar em campo, mas continuará nos corações de todos aqueles que o acompanharam. Vamos guardar grandes memórias e vitórias, sabendo que ele contribuiu muito para o engrandecimento da modalidade e para o caminho da seleção nos últimos anos", notou.
Ao longo de uma década de residência em Portugal, Alfredo Quintana contabilizou 67 jogos e 10 golos pelas "quinas", seis campeonatos, uma Taça e duas Supertaças ao serviço dos "dragões" e defesas notabilizadas por companheiros de equipa e rivais.
Endereçando "sentidos e profundos pêsames" à família, amigos e ao FC Porto, Miguel Laranjeiro admite que honrar o "papel muitíssimo importante" do guarda-redes luso-cubano na modalidade passa por "continuar a lutar por um melhor andebol".
"Devemos ter hoje jovens guarda-redes que estão nas balizas de andebol graças ao Alfredo e querem seguir as pisadas deste grande campeão. Isso é um legado que fica para sempre. Ele trouxe uma relação extraordinária com os mais novos e os adeptos do clube e da seleção. Transmitia aquela força, segurança e alegria em campo", concluiu.
Nascido em Havana, Alfredo Quintana, que completava 33 anos em 20 de março, ingressou no FC Porto na época 2010/11, adquiriu nacionalidade portuguesa e fez a estreia pelas "quinas" em 29 de outubro de 2014, numa derrota frente à Hungria (31-30).
Volvidos dois anos com Rolando Freitas, integrou uma geração promissora guiada pelo selecionador Paulo Jorge Pereira, ajudando a contornar ausências de 14 e 18 anos de Europeus e Mundiais, respetivamente, com as melhores classificações de sempre.
A direção da FAP decretou um mês de luto no âmbito de todos os eventos sociais e desportivos desenvolvidos até 31 de março, incluindo encontros de clubes e seleções a nível regional, nacional e internacional, ações de formação e sorteios, entre outros.
A estrutura liderada por Miguel Laranjeiro decidiu ainda propor à Mesa da Assembleia-Geral a aprovação de um voto de reconhecimento e pesar a Alfredo Quintana, que deve ser submetido na próxima reunião magna a realizar, previsivelmente, em abril.