Miguel Espinha, que está brilhar no Mundial, é elogiado pelo tio Pedro, antigo internacional no futebol. O mais famoso dos quatro guardiões da família, Pedro Espinha - jogou futebol e destacou-se por Belenenses, Salgueiros, V. Guimarães, FC Porto e V. Setúbal -, diz que jamais iria para uma baliza de andebol.
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A Seleção Nacional de andebol, que ao início desta tarde, às 14h30, em Gotemburgo, defronta o Brasil, no arranque do Main Round do Campeonato do Mundo, tem tido em Miguel Espinha um dos mais fortes alicerces. Na segunda-feira, num jogo decisivo, o atleta do Cesson-Rennes teve 45% de eficácia, fechado a baliza à Hungria de forma magistral.
"Foi um momento de transcendência. Ele é um miúdo com uma grande humildade, trabalhador, e o facto de ter jogado estes três anos no estrangeiro fez com que evoluísse e esteja agora no auge", diz Pedro Espinha a O JOGO. O antigo guarda-redes internacional de futebol, agora com 57 anos e técnico de guarda-redes das seleções nacionais dos sub-15 aos sub-20, é tio de Miguel e tem uma opinião avalizada. "Tenho visto os jogos todos. O próximo, mesmo sendo à hora que é, tenho de arranjar forma de ver", diz, elegendo como a melhor das 15 defesas de anteontem "aquela, logo ao início, em que um adversário lhe apareceu isolado e ele defendeu com o braço, quase ombro".
Pedro Espinha passou por grandes clubes e assegura que "nunca iria para uma baliza de andebol", considerando que "é preciso ser-se muito corajoso, porque as bolas surgem de muito perto e bem mais velozes". Miguel, desde Gotemburgo, confirma, mas atenuando a ideia. "Já soube que falou com o meu tio", atendeu, simpaticamente. "De facto, é preciso alguma coragem, mas quando lá estamos não pensamos na velocidade, nem na distância das bolas, nem em nada, apenas em defender. Não é tão mau como as pessoas pensam", garante.
Se o tio Pedro foi guardião de futebol, o pai Luís e o avô Domingos também defenderam balizas de andebol, este último ainda na variante de 11. "Somos quatro guarda-redes, é curioso. Acaba por ser uma tradição, mas não há uma explicação lógica", atesta Pedro. "Desde miúdo que me lembro de ver o meu pai na baliza, depois o meu tio e, naturalmente, sempre que jogávamos à bola, até na praia, eu queria ir à baliza", responde o sobrinho Miguel.
Além dos familiares - aos quais escapa Marco, filho de Pedro Espinha, que aos 17 anos é futebolista do Estoril, "mas à frente", revela o pai -, Miguel reconhece também ter influências de Alfredo Quintana, falecido em 2021. E contra a Hungria até fez uma defesa que lembrou o luso-cubano. "Durante muitos anos o Quintana foi o melhor guarda-redes português e equiparava-se aos melhores do mundo. Claro que era uma inspiração para todos. Aliás, ele ainda está muito presente neste grupo", revelou.