De partida para a Hungria, Miguel Martins garante: "Quero regressar ao FC Porto"
ENTREVISTA, PARTE 1 - Miguel Martins nasceu no coração do Porto, na Ordem da Trindade, mas foi viver para Águas Santas e cedo se apaixonou pelo andebol. Singrou nos dragões e, aos 23 anos, está de partida para o Pick Szeged
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A mãe foi jogadora e treinadora, o pai sempre o apoiou e o resultado está à vista.
"Em Portugal, o FC Porto é o único clube onde me vejo a jogar e em mais nenhum"
Como é que o andebol surgiu na sua vida?
-Eu nasci no Porto, mas sempre morei em Águas Santas. Era um bom clube de formação e joguei lá dos cinco até aos 12 anos. Depois mudei-me para o ISMAI com a ambição de jogar no escalão acima. Com a idade de iniciado jogava nos juvenis e ia treinar aos juniores. Estive lá dois anos. Quando saí do Águas Santas, com 12 anos, já tinha o convite do FC Porto, mas optei pelo ISMAI para jogar o tal escalão acima.
É então que se muda para o FC Porto...
Então sim, mudei-me para o FC Porto. Na altura já fui convocado para a Seleção de sub-21. Cheguei com 15 anos para os juniores e a equipa B e a meio da época fui para a equipa A e ainda joguei a Liga dos Campeões.
E nunca escondeu que estava no clube do coração?
-Claro que não. O FC Porto é o meu clube, sou portista ferrenho e fiquei muito contente por, tão cedo, integrar o plantel sénior.
O que significa para um jogador tão jovem chegar ao clube de que gosta?
-É muito gratificante. Desde miúdo que via os jogos na RTP 2 e via os meus ídolos, o Gilberto Duarte, o Wilson Davyes e, a primeira vez que treinei com a equipa sénior, quando cheguei ao balneário e me deparei com eles, foi um sonho tornado realidade. Toda a gente sabe o que era o Gilberto na equipa para mim, foi como um pai, ajudou-me bastante, dentro e fora de campo.
Foi uma caminhada de muitas conquistas...
-O FC Porto tem vindo a evoluir bastante. Sempre foi a melhor equipa nacional, mas a nível internacional nunca tinha tido grande visibilidade. Quando íamos à Champions nunca dávamos grande resposta. O Obradovic era conhecido por ganhar tudo aqui, o que foi um salto, e agora, com o Magnus, muito por influência do sete contra seis, que é uma grande arma utilizada quer pelo FC Porto quer pela seleção, deu-se essa visibilidade. O FC Porto é visto como uma grande equipa europeia e qualquer equipa que vem jogar com o FC Porto sabe que vai ter uma tarefa muito difícil.
E depois surgem os grandes clubes interessados em jogadores como o Miguel, o André Gomes...
-Sim, e certamente que não somos os únicos. Há muitos jogadores portugueses com propostas, até porque o nosso andebol tem vindo a evoluir imenso e quando se joga um Europeu e um Mundial com a qualidade com que nós o fizemos, quando fazemos um inédito apuramento para os Jogos Olímpicos, as grandes potências começam a ver...
Se no Pick Szeged se cruzar com o FC Porto na Champions, como vai ser?
-Eu sou portista, ferrenho, mas, acima de tudo, tenho de ser profissional. Se isso acontecer, tenho a noção que a nível emocional será muito difícil , mas dentro de campo darei tudo pela minha equipa.
Sai com 23 anos, ao acabar o contrato terá 26. Imagino que queira continuar por fora, mas pensa voltar ao FC Porto?
-O futuro é muito incerto. Se me perguntasse para que clube é que pensava que ia, eu diria um Barcelona ou um PSG, mas isto é uma vida de oportunidades. Se voltar a Portugal, é no FC Porto que quero jogar porque eu sou portista. De resto, em Portugal é o único clube onde me vejo a jogar e em mais nenhum. Claro que quero regressar ao FC Porto.