Brazilian Storm domina o surf, trouxe Neymar a Peniche e o exemplo é... Portugal
Geração talentosa, conhecida por Brazilian Storm, domina o circuito mundial, mas especialistas dizem que "exemplo" é... Portugal.
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Com 13 surfistas no circuito mundial, vitórias em sete das nove etapas já realizadas este ano e o terceiro título em cinco anos ao alcance, o Brasil passou a ser a nação dominadora do surf nos últimos anos, ultrapassando os países de maiores tradições, como Austrália, Estados Unidos e Havai (estado que é visto como independente na modalidade). Esse domínio fez vingar a expressão Brazilian Storm (Tempestade Brasileira), criada pela Imprensa norte-americana para se referir à atual geração talentosa, que atingiu pela primeira vez o apogeu em 2014, quando Gabriel Medina foi o primeiro brasileiro a sagrar-se campeão do mundo, transformando-se na grande referência da modalidade no seu país.
Na quinta-feira, o surfista de Maresias dividiu atenções com o amigo Neymar, que surgiu em Peniche para o apoiar, gerando grande alvoroço na praia. Até a página da World Surf League chegou a estar indisponível, ao correr a notícia da presença do craque do PSG em Supertubos... "É bom tê-lo aqui, é um bom amigo e uma motivação. Levamos a mesma vida, mesmo em desportos diferentes e tentamos dar o nosso melhor a representar o nosso país", contou Medina, após garantir a passagem aos quartos de final, estando na luta pelo segundo título, o terceiro para o Brasil depois de Adriano de Souza ter festejado em 2015.
O êxito do Brasil, no entanto, não deverá servir de modelo a Portugal. "O surf brasileiro está em ruínas", alerta o jornalista especializado Júlio Adler, conhecedor das duas realidades, pois colaborou quase duas décadas com a Surf Portugal e é o autor do documentário de Tiago Pires. Para este brasileiro, "neste momento os portugueses estão bem mais organizados e os frutos dessa organização começam lentamente a florescer".
"Se levarmos em consideração o tamanho de Portugal e o tempo que o país investe no surf, proporcionalmente já têm muito mais representatividade do que o Brasil"
"Se levarmos em consideração o tamanho de Portugal e o tempo que o país investe, de verdade, no surf, proporcionalmente vocês já tem muito mais representatividade do que o Brasil", defende Adler a O JOGO, exemplificando com os casos de Frederico Morais, Miguel Blanco, Tiago Pires, Vasco Ribeiro, Nic Von Rupp, Alex Botelho (estes dois de ondas grandes) e Francisco Spínola (general manager da WSL para a Europa), e lembrando "as muitas etapas importantes em todas as categorias, mais a Nazaré".
No caso do Brasil, o antigo surfista conta que o "boom" dos surfistas brasileiros no World Tour "não foi fruto de planeamento algum, antes da força de vontade de pais obstinados a espreitar uma bela oportunidade de negócio". No mês passado, por desorganização e dificuldades de logística, o Brasil faltou mesmo aos Mundiais da ISA, no Japão, e a nível mediático "a publicação especializada mais antiga deixou de ser impressa e a única que resta sofre para sobreviver". Por isso, Adler atira: "O Brasil ganharia muito mais a copiar algumas virtudes do surf português do que o contrário."