Bradley Wiggins e a cocaína: "O meu filho pensou que me ia encontrar morto"

Sir Bradley Wiggins, antigo ciclista britânico e vencedor de oito medalhas olímpicas, cinco delas de ouro, admitiu ter sido viciado em cocaína, situação despoletada pela pressão da fama e depressão.

Em entrevista ao jornal The Observer, a propósito da autobiografia “The Chain” (A corrente, em tradução livre), o ex-ciclista de 45 anos revelou que começou a consumir droga depois de terminar a carreira, em 2016, vício que quase o deixou às portas da morte, o afastou da família e fez desperdiçar a fortuna de mais de 15 milhões de euros. Depois de perder a casa, há pelo menos um ano que vive em situação de sem-abrigo.

“Houve alturas em que o meu filho pensou que me ia encontrar morto de manhã. Era um toxicodependente, mas as pessoas não se apercebiam. Estive pedrado a maior parte do tempo durante muitos anos”, confessou, citado pelo mesmo jornal, acrescentando que os filhos preparavam-se para o internar numa clínica de reabilitação quando decidiu deixar de consumir. O divórcio, em 2020, e o abuso sexual que sofreu em criança, por um treinador, e que só agora revelou também motivaram o consumo.

Sem tocar em drogas há um ano, Bradley Wiggins explicou ainda que optou por uma transformação radical dos hábitos de vida. Além de cocaína, também não toca em álcool, porque teme que um vício possa levar ao outro.

Lance Armstrong, ex-ciclista norte-americano que, em 2013, também admitiu consumir droga, tem sido fundamental na recuperação do britânico. Armstrong apercebeu-se da toxicodependência do amigo cedo e tentou ajudá-lo através de um dos filhos de Wiggins, mas ninguém sabia do paradeiro do ciclista.

“Apercebi-me que tinha um problema enorme e tinha de parar. Tenho sorte em estar aqui. Fui vítima das minhas próprias escolhas, durante muitos anos. Tinha muito ódio de mim próprio, mas estava a automutilar-me. Apercebi-me de que estava a magoar muitas pessoas à minha volta”, recordou.