Tem 24 anos, nasceu em Paris, e é um dos dois representantes de Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno
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Fala português com sotaque e com algum esforço, mas não falha no discurso e nas ambições. Arthur Hanse é um dos dois representantes lusos em PyongGhang, nos Jogos Olímpicos de inverno de 2018, na Coreia do Sul.
Arthur, a competir em slalom e slalom gigante, é um repetente. Em 2014 esteve em Sochi, na Rússia, nos Jogos Olímpicos, mas agora a história é diferente. "Em Sochi não tive este tempo de preparação. Era a minha primeira competição, a minha primeira experiência olímpica. Durante estes quatro anos trabalhei com mais regularidade para ter mais velocidade, mas também em termos mentais, para ter menos pressão e estar mais forte. Em perspetiva, conheço-me melhor. Também ajudou o trabalho da Federação e do Comité Olímpico que trabalharam em torno deste projeto para representar uma equipa com mais atletas que em Sochi", lembrou em entrevista a O JOGO.
O estudante, filho de pais de portugueses, lembra que mantém uma ligação forte ao país que vai representar na Coreia. "Tenho muitas coisas que me mantém em ligação com Portugal. Tenho amigo portugueses que vivem em Portugal e tenho noticias deles frequentemente. Tenho uma professora de português também, pois é importante trabalhar o meu português todos os dias! E como comida portuguesa quando posso. A minha família vive em Paris e enviam-me comida portuguesa. Também compro muitos produtos, como azeite, azeitonas, pastéis de nata ou de bacalhau..."
Já na Coreia por esta altura, Arthur respondeu às perguntas quando ainda estava em França e descreveu a vida de um atleta de desportos de inverno. "O esqui pratica-se durante todo o ano. O mais difícil é gerir a vida de atleta e de estudante porque o ritmo do esqui não é adequado à vida da universidade. Para treinar tenho de viajar em busca da neve. Tive de fazer provas internacionais para conseguir estar nos Jogos e depois tenho os treinos, quer na neve, quer na parte física."
Estar nos Jogos era um objetivo dos últimos tempos. "É o sonho de todos desportivos, representar um país com os valores olímpicos é muito importante para mim. Quero mostrar ao mundo que Portugal tem outros talentos desportivos, além do futebol. Portugal é um grande país que dá os meios para ter os atletas competitivos. Gosto do meu país, gosto do meu desporto. Portugal não é o único país a não ter uma tradição de inverno. É possível ter sucesso !
Descer a montanha a alta velocidade é a dia-a-dia de Hanse que descreve o momento em esquia a velocidades que podem chegar aos 40 km/h. "Permite-nos ter sensações fora do comum. Às vezes podemos estar um pouco assustados antes de começar, mas gosta-se tanto que depois isso desaparece. O mais difícil, no slalom, é encontrar o ritmo da descida. Para mim, o slalom é como uma prova de 400 metros. Estamos a ir tão depressão que não temos o direito de cometer um erro."
Os desportos de inverno estão em evolução em Portugal e Arthur Hanse é o primeiro a sublinhar o progresso que se fez desde 2014. "O presidente da Federação e o diretor ténico trabalharam muito para desenvolver os desportos de inverno em Portugal. Estamos a começar uma revolução e penso que vamos ter uma grande equipa nos Jogos de 2026."