Arranca mais uma edição do Giro: as principais etapas e os grandes favoritos
João Almeida vai para o terceiro Giro da carreira com um estatuto redobrado pelas duas últimas edições.
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Começa esta sexta-feira a edição 105 da Volta a Itália e o sonho de Portugal voltar a ter um atleta no pódio é plausível. Isto porque João Almeida tem uma equipa verdadeiramente ao lado para o que der e vier - o que não aconteceu na Quick Step -, porque se mostrou na Catalunha, porque é capaz de fazer pódio numa prova sem contrarrelógios e, acima destas, porque tem essa capacidade e o gosto no Giro. Andou 15 dias de rosa em 2020 e fechou em quarto, defendendo-se de uma Sunweb e de uma Ineos intratáveis, para as quais acabou por perder.
Em 2021, mostrou a fibra: por recuperar psicologicamente por ser preterido na liderança dentro da equipa e, fisicamente, porque acabou a terceira semana como o melhor corredor em prova, sendo capaz de terminar em sexto.
O pódio guia, legitimamente, a ambição do corredor da UAE Emirates, que terá Rui Costa, na 13.ª Grande Volta, e Rui Oliveira em estreia no Giro. E motiva-o, acima de tudo, porque Almeida está cada vez melhor trepador. O jovem de A-dos-Francos é apontado pelos órgãos de informação mais prestigiados como candidato ao terceiro lugar, atrás dos favoritos Richard Carapaz (Ineos) e Simon Yates (BikeExchange), os dois vencedores de Grandes Voltas que se mostram fortes em quase todas as montanhas.
Ainda assim, os contrarrelógios (26, 6km) não beneficiam Almeida este ano. O primeiro, logo na segunda jornada, tem um topo que protege os trepadores, e o de Verona, no último dia, igualmente. O JOGO antevê as 11 etapas mais duras do Giro e o arranque, hoje, promete, porque existe um final inclinado que vai dar confiança a sprinters e voltistas de lutarem pela camisola rosa. Na etapa 4, já em solo italiano, o final em alto no Etna é longo (23,4 km), mas as pendentes são bem menores do que o Blockhaus, na nona jornada, com 14 km, a 8,4%.
Nesta segunda semana de prova, os dias de colinas são difíceis de controlar. A sétima tirada, em Potenza, tem 4800 metros de acumulado; a 14, em Turim, chega aos 3200 e é sempre a subir e descer. Os favoritos vão tremer antes do segundo dia de descanso pela ligação a Cogne, porém é na terceira semana que todas as ajudas são poucas. São quatro topos de montanha em seis dias: oito de primeira categoria e uma especial. A 16.ª etapa vai ao Mortirolo, a 20.ª ao Passo Pordoi, em ambas o pelotão ficará reduzido a migalhas a meio da jornada, havendo ainda final em alto em ambas para gáudio de quem vê e para sofrimento de quem pedala.
Etapas decisivas
dia 6: Etapa 1 Budapeste-Visegrád (colinas) 195km
dia 7: Etapa 2 Budapeste-Budapeste (crono) 9,2 km
dia 10: Etapa 4 Avola-Etna (montanha) 172 km
dia 13: Etapa 7 Diamante-Potenza (colinas) 196 km
dia 15: Etapa 9 Isernia-Blockhaus (montanha) 191 km
dia 21: Etapa 14 Santena-Turim (colinas) 147 km
dia 22: Etapa 15 R. Canavese-Cogne (montanha) 177 km
dia 24: Etapa 16 Salò-Aprica (montanha) 202 km
dia 27: Etapa 19 M. Lagunare-Santuario di Castelmonte (montanha) 178 km
dia 28: Etapa 20 Belluno-Marmolada (montanha) 168km
dia 29: Etapa 21 Verona-Verona (crono) 17,4 km
Os favoritos
Richard Carapaz
Idade: 28
País: Colômbia
Carapaz venceu o Giro 2019, mesmo não sendo o líder da Movistar. Imagine-se mandando numa Ineos com três triunfos na Volta a Itália nos últimos quatro anos. Os contrarrelógios não o prejudicam sequer.
Simon Yates
Idade: 29
Pais: Grã-Bretanha
Em 2021, guardou forças e mostrou ter aprendido com a falência física que teve em 2018, fechando o Giro no pódio. Vencedor da Vuelta"2018 tem até montanhas íngremes que o favorecem.
João Almeida
Idade: 23
País: Portugal
Na Catalunha, onde foi terceiro, provou que não precisa de cronos para ser candidato e que ter uma equipa em seu redor é uma ajuda inestimável. Foi quarto em 2020 e sexto em 2021. O pódio é a meta.
M. Ángel López
Idade: 28
País: Colômbia
Um Giro mais indicado às suas características seria difícil pelos poucos quilómetros de contrarrelógio e esforços com subidas. Fez pódio em duas Grandes Voltas e tem montanha para atacar.
Pello Bilbao
Idade: 32
País: Espanha
Um dos mais desvalorizados do pelotão, mas voador no Giro. Foi 13.º em 2021 a trabalhar para Caruso, que foi segundo. Já acabou em quinto e sexto. E a Bahrain com Landa e Poels pode ser caso sério.