Antes do Barça, a gratidão ao berço do português que é o "melhor jovem do mundo"
Assinou na sexta-feria um contrato de quatro épocas com o Barcelona, depois de ter passado as duas últimas no Sporting. No entanto, foi no Águas Santas, onde começou a jogar com 12 anos, que se formou Luís Frade.
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Melhor pivô do Mundial de sub-19, na Geórgia, em 2017; melhor pivô do Europeu de sub-20, na Eslovénia, em 2018; melhor pivô do Mundial de sub-21, em Espanha, em 2019. Para além disto, há dias foi considerado pelo site especializado na modalidade "Handball Planet" o melhor jovem do mundo. Luís Frade, 21 anos, contratado pelo Barcelona para as próximas quatro épocas, é o mais recente exemplo do brilhante e incomparável momento por que passa o andebol português.
Nasceu em Rio Tinto, mas para a modalidade foi em Águas Santas que encontrou berço, tendo em Ana Cunha, antiga guarda-redes do Almeida Garrett, a primeira treinadora. "Não sabia nada sobre andebol, mas tinha uma predisposição muito grande para a prática desportiva e, acima de tudo, era um lutador, nunca dava um jogo por perdido. Fisicamente tinha mais força do que os outros, mas não era isso que o distinguia, mas sim a rapidez com que aprendia, com que evoluía", explicou a O JOGO esta técnica dos maiatos vai para 14 anos.
"Fui para o andebol numas férias desportivas da Maia. Já não me lembro quem, mas disseram-me que podia ser bom a jogar andebol, que tinha perfil. Essa pessoa perguntou-me se eu já tinha jogado e eu respondi que não, mas fiquei com a ideia na cabeça", recordou o pivô, filho de um antigo jogador de râguebi do Benfica, Luís Frade, e de uma antiga jogadora de basquetebol do Académico do Porto, Mónica Sousa, e irmão de Ana Frade, de 18 anos, que também joga andebol. "O Águas Santas era o clube mais perto de minha casa, vim experimentar e adorei. O pessoal da minha idade era impecável", prosseguiu o segunda linha, que começou a jogar com 12 anos, nos infantis.
Luís Frade, o melhor jovem do Mundo para o "Handball Planet", voltou a Águas Santas, onde começou esta ainda curta mas notável história
"Não estou admirada com o que ele conseguiu, sempre foi muito competitivo, trabalhador e as capacidades físicas também o acompanharam. De resto, isto é uma consequência natural do trabalho dele", referiu Ana Cunha.
Luís Silva - filho do técnico José António Silva - Mário Rocha, Pedro Borges e Vladimir Cveticanin foram os outros treinadores de Frade nos escalões de formação do Águas Santas. "Ele queria sempre aprender e, depois de um objetivo concretizado, tínhamos logo de lhe dar outro", contou Pedro Borges, com Luís Silva a falar num "grande exemplo de dedicação" e num "jogador que nunca arranjou desculpas, nunca faltou a um treino". Para Mário Rocha, "o facto de ter tido equipas muito homogéneas foi bom para o crescimento do Frade", dando o exemplo "das gerações de 1996 a 1999, onde havia o Miguel Martins, o José Barbosa, o Gonçalo Vieira ou o Miguel Gomes". Por sua vez, Cveticanin contou que "o Frade era um miúdo responsável, humilde e com quem era fácil trabalhar", mas admitiu que, no seu entender, "esta explosão a nível internacional não era expectável".
Luís Frade, neste regresso a casa antes de seguir para o Barcelona, nem hesitou quando desafiado a escolher uma palavra para o Águas Santas. "Obrigado! É a única que me ocorre. Foi o clube que me formou e a quem tenho de estar muito grato", atirou.