Uns nunca passaram o Natal longe de casa, outros já estão habituados, mas têm em comum saudades da família e a curiosidade em relação às tradições nacionais. Esta noite, juntam-se em equipa...
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Pelo segundo ano consecutivo, a Liga Portuguesa de Basquetebol terá jogos agendados entre o Natal e o Ano Novo - Benfica-Oliveirense e FC Porto-V. Guimarães, na próxima sexta-feira, são os pratos fortes -, fruto de um calendário que se tornou mais denso com a criação de uma etapa intermédia antes do play-off. Tal facto levou a que a maioria dos jogadores estrangeiros em ação no campeonato, nomeadamente os americanos, que em anos anteriores tinham tempo de ir a casa, optem agora por ficar em Portugal na quadra natalícia, sendo esse o caso do trio do Vitória de Guimarães e da Ovarense.
"Os meus filhos não estão muito contentes com isso, mas ir e voltar num curto espaço de tempo é difícil", conta o vareiro Kyle Anderson a O JOGO, nas vésperas do primeiro Natal fora dos Estados Unidos. Ele tem, ainda assim, a companhia da família, que decidiu trazer para Ovar, em janeiro deste ano. Como os familiares do companheiro Will Perry estavam a caminho, planearam juntar-se todos, mais Jermel Kennedy, canadiano e mais recente elemento do plantel.
Para Perry e Kennedy não é a primeira vez que estão longe de casa nesta altura - já lhes aconteceu em Espanha e na Alemanha, respetivamente -, estando ambos a considerar ainda passear pelo Porto ou Lisboa. "Acho engraçado estar noutro país nesta altura, para experimentar uma cultura diferente, poder testemunhar tudo ao vivo. As ruas estão todas iluminadas e as pessoas parecem adorar a época. A pior parte é não estar com família e amigos, mas estar com os colegas de equipa ajuda muito", diz Perry. "Decidi ficar porque estou curioso para ver como é o Natal português. Quero ver as diferenças em relação àquilo que já experimentei, mas não sei o que esperar", solta Kennedy.
No Vitória de Guimarães, a reunião entre americanos também vai acontecer. Devaugntah Williams, Lace Dunn e Rod Nealy vão passar o Natal juntos, graças a Miguel Maria Cardoso, que os convidou para se juntarem à sua família, em Ponte de Lima. Se para Williams vai ser uma estreia estar fora dos Estados Unidos, Dunn e Nealy sabem como é viver estes dias à distância. "Já passei muitos Natais separado da família para fazer o que adoro, jogar basquetebol", relata o base, enquanto Nealy celebrou a data várias vezes em Angola, onde passou as últimas sete épocas. "Quando chega esta altura, sinto sempre saudades da comida da minha mãe; ela faz grandes pratos. E sinto falta de ver as minhas filhas a abrir as prendas. Sem a família é sempre diferente, nada os substitui", remata.
Família, comida, prendas e... NBA são a tradição
"Na Consoada, há a ceia com a família toda, abrimos presentes, fazemos bolachas, assistimos a filmes de Natal e vamos à igreja. Dia 25 há mais presentes e fazemos um grande pequeno-almoço. Depois visitamos os familiares da minha mulher e mais uma ceia... Basicamente, comemos imenso e visitamos muita família", resume Kyle Anderson, esperando que em Portugal "nada seja igual". Peru, uma espécie de migas (o chamado "stuffing"), puré de batata, presunto, bolos ou tortas fazem parte da ementa na casa destes atletas, que têm ainda o hábito de ver os jogos de NBA, tradição que dura desde 1947. Este ano, há cinco jogos: New York-Philadelphia, Golden State-Cleveland, Boston-Washington, Oklahoma-Houston e LA Lakers-Minnesota.