Mónica Silva cumpriu uma meta, a de vencer a S. Silvestre do Porto, e agora vai tentar atingir outra na maratona, prevendo correr uma em abril do novo ano. A pensar nos Jogos...
Corpo do artigo
Depois de vencer a S. Silvestre do Porto, Mónica Silva viveu um corrupio de "selfies" e beijos. A popularidade da atleta de Águeda, que correu como individual antes de assinar pelo Clube de São Salvador do Campo, é elevada.
Como se explica tanta popularidade?
Já pratico atletismo há muitos anos. E sou de Águeda, mas mudei para o Porto há uns seis/sete anos. Fiquei por aqui, treino cá, tenho o meu grupo de treino e o meu treinador, Nogueira da Costa. Foi no Porto que encontrei as condições ideais para evoluir. Como participo nas provas da Runporto, há muita gente que me conhece. Tendo sempre pódios, começam a criar uma simpatia comigo.
Já fez a S. Silvestre do Porto por JOMA, Maratona e Benfica, chegou a ser individual e regressa pelo São Salvador do Campo. Como chegou até aqui?
Tive uma proposta deles e aceitei. Fizeram este ano uma equipa feminina e vamos aos Campeonatos Nacionais de estrada, de crosse... Estamos a começar e para o ano isto vai alargar; assim espero.
Na S. Silvestre, até vinha um dos homens do clube a seu lado...
Nem sei bem quem era. Como é pessoal que gosta de mim, tentaram ajudar e alguns até ficaram pelo caminho.
Ter novo clube ajuda à sua carreira?
Sim, até porque tive algumas lesões. No ano passado não competi na S. Silvestre por ter duas fraturas de stress. Há três anos tive uma dor num joelho que me prejudicou durante uma época e saí do Benfica. Quando comecei a treinar para a maratona, tive alguns percalços. Este ano está tudo a correr melhor e estamos a trabalhar com cautela para não acontecer nada.
Chegou a dizer gostar muito da maratona. Essa distância está esquecida?
-Não. Eu e o meu treinador estamos a pensar fazer uma em abril, tentar melhorar a minha marca de 2h33m e, quem sabe, pode dar para fazer mínimos olímpicos. É esse o objetivo, mas um passo de cada vez.
Ir aos Jogos ainda é um sonho?
É esse o sonho, não está perdido. Vamos lutar por isso, sem pressas. É preciso muito trabalho, como em tudo na vida, acho que, com muito querer e sacrifício, vamos conseguir. Sei que ter mínimo pode não bastar, pois só vão as três primeiras, mas tenho esse sonho e a esperança é a última coisa a morrer.
A Mónica consegue ser uma atleta profissional?
Sim, porque tenho vários apoios. Escolho as provas que monetariamente me ajudam mais, tenho o meu clube, tenho a câmara de Águeda e a Prozis. Vou gerindo o meu atletismo assim.
E poderia dedicar uma época a treinar para os Jogos Olímpicos?
Tenho de fazer provas, não posso abdicar de tudo. Dedicar uns três meses só à preparação olímpica não dá, são as provas e os apoios que nos sustentam. Mas nós cá temos condições perfeitas. Basta querer e ter cuidado com a alimentação e com o descanso, que é fundamental.
Uma explicação para os desaires dos homens portugueses
O espanhol Alejandro Fernández Rivera venceu a S. Silvestre do Porto e foi o terceiro fundista do país vizinho a vencer numa das principais corridas de fim de ano nacionais. Mónica Silva tem uma explicação para os desaires dos homens portugueses. "O que aconteceu com o Sporting [desinvestimento no atletismo ] desmotivou-os um pouco. Alguns tinham uma vida profissional de atleta que já não têm. Tiveram de começar a trabalhar; são oito horas, para depois ir treinar... Isso desanimou, principalmente nos masculinos", diz, lembrando ainda que Jorge Teixeira "assinou um protocolo" e isso chama "mais os espanhóis para virem cá correr; e todos querem ganhar".