A Agência Mundial Antidopagem (AMA) constatou o "fracasso total" da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF) na luta contra o doping e a corrupção
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A segunda parte das conclusões do relatório da Comissão Independente da AMA, apresentada hoje em Munique, na Alemanha, considera que Lamine Diack, antigo presidente da IAAF, é o principal responsável por atos de corrupção e encobrimento de casos de doping.
A comissão, presidida por Dick Pound, antigo líder da AMA, tinha já apresentado a primeira parte das conclusões, que levaram à suspensão da Rússia de todas as competições de atletismo.
"Este é o tempo da IAAF fazer reformas", disse Dick Pound, acrescentando que o atual presidente, Sebastian Coe, "é a pessoa certa para ajudar a IAAF a recuperar a sua reputação e credibilidade".
O relatório indica que "existiu um colapso total das estruturas diretivas e uma absoluta falta de responsabilidade", e denuncia a falta de vontade política para confrontar a Rússia com a verdadeira dimensão do problema do doping entre os seus atletas.
O documento refere que era impossível que os órgãos de cúpula da IAAF "não percebessem a dimensão do problema do doping e da violação de regras".
Todo o escândalo de doping foi espoletado por um documentário da cadeia de televisão ARD, transmitido em dezembro de 2014, com o título "O doping: estritamente confidencial. Como a Rússia cria os seus campeões".
A reportagem, que apresentava diversos documentos e gravações feitas sem conhecimento dos protagonistas, denunciava indícios claros do uso sistemático de doping com a conivência da Federação Russa de Atletismo e do governo do país.
Perante as suspeitas, a AMA criou a comissão independente para as investigar, tendo a mesma confirmado as suspeitas denunciadas pela ARD e considerado que estas "eram apenas a 'ponta do icebergue'".
A ARD apresentou depois uma nova reportagem que voltou a abalar o atletismo mundial, com o título "O doping: estritamente confidencial. As sombras do atletismo".
A segunda reportagem denunciava a existência de atos de corrupção, praticadas por vários países, entre os quais o Quénia.
Na sequência da segunda reportagem, a AMA ampliou o mandato da comissão independente, que hoje divulgou os resultados da investigação.