"A maternidade ainda é tabu na sociedade", atira a ex-basquetebolista Sofia Ramalho
A base lembrou, no 13.º Congresso Mundial de Treinadores, a dificuldade de conjugar a vida familiar com o carreira desportiva, vincando como o apoio dos técnicos é fundamental.
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Sofia Ramalho, hoje com 41 anos, deixou o basquetebol depois de uma carreira que teve passagens por Espanha, onde conseguiu ascender à I Divisão, e relata a dificuldade de conjugar a vida familiar com a carreira, particularmente quando foi mãe da pequena Adriana. "A maternidade ainda é tabu na sociedade. É importante que o nosso treinador perceba que a nossa vida é diferente, mas também que os clubes estejam preparados para ajudar as atletas. É importante sentirmo-nos compreendidas. Às vezes temos o filho doente e dormimos menos, logo o nosso desempenho é menos bom no treino. É importante ter essa compreensão", afirma à margem do 13.º Congresso Mundial de Treinadores, a realizar-se na Aula Magna, em Lisboa, até domingo.
Vincando a importância da formação académica e de pensar no pós-carreira, a base, esposa de Betinho, revela que o foco sempre foi o basquetebol: "Sempre tive o desporto como plano A. Surgiu uma proposta para ir para fora e tinha de aproveitar. Senão, era tarde. Aqui não me davam o que precisava. Se, das jovens que estão nas seleções nacionais, chegamos duas ou três a sénior já é um bom numero. Temos de decidir e as portas estão sempre fechadas e é muito difícil. A maioria vai pela segurança, pelos estudos, pelo trabalho, e largam a modalidade. Poucas tentam sair."
A jogadora abraçou o projeto do Benfica e ajudou o clube a ser campeão no feminino na II e na I Divisão e assinala uma evolução do basquetebol português: "Agora, em Portugal, já nos aproximamos. Há 20 anos era muito diferente. Era um mundo à parte. Agora temos equipas que melhoram a competitividade".