Participação contra Frederico Varandas por críticas a João Pinheiro foi arquivada
Em causa as duras críticas ao árbitro João Pinheiro, após a derrota dos leões contra o Vitória de Guimarães, em dezembro. O Conselho de Arbitragem apresentou uma queixa ao Conselho de Disciplina por causa das declarações do líder leonino. Francisco J. Marques está indignado com a decisão e rapidez da mesma.
Corpo do artigo
Na sequência da derrota do Sporting frente ao Vitória, em Guimarães, no dia 9 de dezembro, em jogo relativo à 13.ª jornada da Liga Betclic, Frederico Varandas teceu duras críticas ao árbitro da partida João Pinheiro e ao VAR, no dia seguinte. Entre outros comentários, o presidente do Sporting disse que o juiz de Braga “é um dos mais bem classificados, mas se fosse pelos jogos do Sporting seria despromovido”, acrescentando que “não há um sportinguista que não esteja traumatizado quando vê João Pinheiro”. Ora, perante estas afirmações, o Conselho de Arbitragem (CA) apresentou uma queixa contra o presidente do Sporting ao Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), tendo este órgão, sabe O JOGO, arquivado a referida queixa no dia 12, numa decisão célere.
Contactado por O JOGO, Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem escusou-se delicadamente a “comentar a situação”. Também o presidente da APAF, Luciano Gonçalves, que havia criticado o comportamento do responsável máximo dos leões, demarcou-se da decisão. “Não vou alimentar polémicas”, sintetizou.
Lúcio Correia, professor de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa, explicou que “o Conselho de Disciplina considerou que os factos por si só não configuram ilícito disciplinar”.
De acordo com informações recolhidas por O JOGO, a rapidez na decisão, conhecida no dia 12 de dezembro, teve a ver com o expediente na altura, alguma disponibilidade para avaliar a queixa, e que, por norma, quando uma participação não resulta em processo de inquérito ou processo disciplinar não é publicitada, sendo apenas comunicada ao denunciante.
Na rede social “X”, o diretor de comunicação do FC Porto demonstrou a sua “perplexidade e indignação” pela decisão, afirmando que fora surpreendido por um contacto proveniente da FPF. “Fui contactado pela FPF, que me informou que o CA remeteu para o CD uma queixa por causa das declarações do presidente do Sporting em que criticou severamente a arbitragem de João Pinheiro. Perguntei porque razão essa queixa não tinha sido tornada pública, responderam-me que o CA nunca o faz. Questionei porque o CD não o tinha feito e a resposta é surpreendente. O CD arquivou a queixa (!) e quando arquiva antes de procedimento disciplinar só informa o denunciante”, esclareceu Francisco J. Marques, prosseguindo: “O supersónico arquivamento pelo CD da queixa do CA, sem sequer o transformar em inquérito ou processo disciplinar, não é compaginável com o comportamento do mesmo CD em tantas outras declarações, muitas delas de mim próprio. [...] Veja-se o teor do art. 225.º e 226.º do Regulamento Disciplinar, que parece dizer que apenas serão arquivadas, sem necessidade de instauração de processo disciplinar, as participações disciplinares anónimas ou que não digam respeito a factos concretos. Parece-me óbvio que a participação do CA relativo a Varandas não será anónima e diz respeito a factos concretos.”