O lateral-esquerdo analisa momento do Benfica e acredita que a equipa siga em frente na Champions
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No Mónaco por empréstimo do Real Madrid, o internacional português diz que, este ano, os encarnados não se podem distrair na luta pelo título, já que o Sporting não vai perdoar.
Viu o jogo do Benfica com o Bayern Munique?
-Claro que sim, não falho um [risos].
O desempenho do Benfica foi muito elogiado. Que hipóteses reais tem a equipa de seguir para as meias-finais, sabendo-se que o Bayern marca habitualmente golos fora?
- O Benfica fez um bom jogo e podia ter saído de lá com outro resultado. Criaram várias oportunidades de golo, demonstraram muita personalidade. Aliás, há outras grandes equipas que jogam contra o Bayern e não lhes conseguem criar tantos problemas. O resultado foi injusto. Mas o Benfica tem as suas armas e deve acreditar que é possível passar às meias-finais. Está tudo em aberto.
Já defrontou várias vezes o Bayern Munique. Se tivesse de aconselhar Rui Vitória, o que lhe diria para fazer no jogo da Luz?
-O treinador do Benfica sabe exatamente o que tem de fazer, como se viu em Munique. Os contextos foram diferentes. Eu joguei pelo Real Madrid contra o Bayern. Não é novidade para ninguém que eles são uma equipa de top. Acima de tudo, têm de encará-los sem medo.
O Benfica está envolvido nos quartos de final da Champions e lidera o campeonato. Acredita que esta equipa vai ter coração e pernas para revalidar o título?
-O Benfica tem feito um excelente campeonato, uma segunda volta quase perfeita, tem ganho os seus jogos e marcado muitos golos. Por outro lado, sofre poucos, o que é decisivo para uma equipa que quer ser campeã. Agora, tem um adversário de respeito: o Sporting está muito bem, está a jogar bom futebol e não dá descanso a ninguém. O Benfica não pode vacilar, tem de continuar assim até ao final se quiser ganhar o título; qualquer deslize será aproveitado pelo Sporting. Já se viu que, neste campeonato, tudo pode acontecer: ainda na segunda-feira vi o FC Porto perder em casa com o Tondela, último classificado. O Benfica tem de estar muito desconfiado do Sporting, não se pode distrair.
O Benfica ficou a ganhar com a saída de Jorge Jesus e chegada de Rui Vitória?
-Quando Jesus chegou ao Benfica, o clube estava um pouco como está agora o FC Porto, a bater no fundo. O Jesus fez um excelente trabalho e parece-me injusto pôr em causa o que fez. Não nos podemos esquecer que, quando chegou, o Benfica estava morto e ele ressuscitou-o. O Rui Vitória está também a fazer um ótimo trabalho. Muita gente não acreditava e agora tem de mudar de opinião e dar mérito ao treinador. Mas também é verdade que já havia um trabalho feito, que vinha dos últimos seis anos. O espírito de conquista, o espírito de campeão já lá estavam. Jesus foi uma excelente escolha na altura e, neste momento, Rui Vitória está a demonstrar que também foi uma decisão acertada.
É comum afirmar-se que o Benfica cresceu muito com as considerações provocatórias que Jorge Jesus fez acerca do plantel e de Rui Vitória. Acha que essas declarações espicaçaram a equipa?
-Não me parece; acho que foi mesmo o trabalho de Rui Vitória que fez toda a diferença. Ele precisou de algum tempo para impor as suas ideias e a equipa seguiu o seu caminho. No início, o Benfica estava um bocado à toa e depois começou a fazer aquilo que o míster Rui Vitória tinha em mente. A equipa melhorou porque com o tempo foi conhecendo melhor as ideias de Rui Vitória e os resultados apareceram.
Este Benfica é mais forte do que o do seu tempo?
-Eu diria que não. Que me lembre, o Benfica nunca teve uma equipa como aquela que venceu o campeonato em 2009/10, da qual eu fiz parte. Erámos eu, David Luiz, Luisão, Ramires, Javi García, Di María, Saviola, Aimar, Cardozo e muitos outros. Era uma equipa muito, muito forte. A atual pode até vir a ganhar mais títulos, mas penso que, sem qualquer dúvida, o meu Benfica [2009/10] era mais forte do que este. Aliás, também ganhávamos muitas vezes por três, quatro ou cinco golos de diferença.