O mexicano Hugo Sánchez ganhou a sua Bota de Ouro com quase 32 anos. Se o brasileiro vencer, já terá essa idade no final da temporada
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Jonas pode vir a tornar-se no Bota de Ouro mais velho de sempre. O avançado brasileiro, agora com 31 anos, terminará a época já com 32, idade inédita entre os anteriores vencedores do prémio para o melhor marcador das ligas europeias. Ao longo da história deste troféu, o mexicano Hugo Sánchez foi o goleador mais velho a ser premiado quando, em 1989/90, se sagrou melhor marcador ao serviço do Real Madrid, com 38 pontapés certeiros na liga espanhola: quando a temporada terminou, estava a cerca de dois meses de celebrar 32 anos. Pouco mais novos, e também ainda com 31 anos, apresentaram-se Eusébio (1972/73) e Totti (2006/07) para receber Botas de Ouro.
Com os dois tentos no triunfo por 4-1 frente ao Tondela na Luz, Jonas soma 28 golos na I Liga, assumindo para já a liderança da lista dos melhores marcadores da Europa. Quantitativamente, o Pistolas demarcou-se do atual bititular do troféu, Cristiano Ronaldo, que tem 27 tentos e ficou em branco em Las Palmas, assim como de Higuaín e Suárez (ambos com 26, no Nápoles e no Barcelona, respetivamente). O argentino ainda fez um golo, mas perdeu terreno para Jonas, o mesmo sucedendo com o uruguaio, que não alinhou na goleada (6-0) do Barcelona ao Getafe.
Competindo diretamente com adversários de campeonatos de topo - ou seja, onde o coeficiente de multiplicação dos golos, dois, é igual ao de Portugal - Jonas arranca para a fase final da época com todas as esperanças de ganhar a Bota de Ouro. Tanto a liga espanhola como a italiana têm mais jornadas que a portuguesa (38 rondas contra as 34 de cá), mas isso não tem pesado nas contas goleadoras e os rivais mais próximos de Jonas só têm, nesta fase decisiva, mais uma jornada por disputar que o jogador do Benfica. E, mantendo-se o ritmo a que o brasileiro tem vindo a fazer golos em 2016 (15 desde o início do ano), as oito jornadas do Benfica na Liga podem ser suficientes para o camisola 17 encarnado atingir esta conquista individual.
A nível interno, Jonas já se pode orgulhar de ter colocado o seu nome na história dos encarnados. O bis - o décimo para o campeonato - frente ao Tondela permitiu ao brasileiro ultrapassar o melhor registo do milénio em número de golos, que pertencia a Cardozo (26 em 2009/10). No entanto, pela frente ainda há algumas marcas por superar. No topo da pirâmide estão os 42 golos de Eusébio no campeonato de 1967/68 e os 40 do Rei em 1972/73; curiosamente, em ambas as situações, o internacional português conquistou Botas de Ouro. Logo abaixo dessa fasquia, Jonas ainda pode ultrapassar o terceiro maior registo de golos por jogadores encarnados na Liga, detido pelo sueco Mats Magnusson - 33 golos em 32 partidas, em 1989/90.
O percurso de Jonas na liga portuguesa tem vindo a surpreender e até em Espanha, por onde o avançado passou quatro épocas, surgem elogios. Alguma Imprensa do país vizinho realça mesmo que, no Valência, clube que deixou Jonas sair a custo zero em 2014/15 e permitiu que este ingressasse no Benfica, há algum desagrado no ar: é que o melhor marcador do Mestalla esta época é Paco Alcácer, que soma... nove golos.