Cancelo a O JOGO sobre a saída do Manchester City: "Preciso de jogar para ser feliz"

Cancelo a O JOGO sobre a saída do Manchester City: "Preciso de jogar para ser feliz"

ENTREVISTA, PARTE I - Numa época em que o título está mais renhido na Alemanha, Cancelo aponta também à Europa. O polivalente lateral admite que a vitória em Paris sobre o PSG foi um bom resultado, mas não dá nada por garantido, lembrando a enorme qualidade individual do conjunto francês.

O Bayern deu um passo importante para marcar presença nos quartos de final da Champions mas, em Munique, Cancelo não espera facilidades na segunda mão dos "oitavos" diante do PSG. Apesar das ambições do emblema bávaro, recorda que também há outras equipas fortíssimas, como o Manchester City e o Real Madrid.

O Bayern jogou a semana passada em Paris e venceu o PSG, por 1-0, no jogo da primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Parece-lhe que a eliminatória já está bem encaminhada para o Bayern ou ainda está tudo em aberto para o segundo encontro em Munique?
- É sempre melhor jogar a segunda mão em casa depois de obter uma vitória fora do que, por exemplo, após um 0-0. Mas acho o PSG uma equipa muito imprevisível porque, a nível individual, se todos os seus jogadores estiverem num dia sim, tornam-se numa equipa dificílima de parar. A qualidade individual deles é excecional. A nível de talento individual são, eventualmente, a melhor equipa do mundo. Mas a nível coletivo há muitas outras equipas muito fortes, como é o caso do City, do Bayern, o Real Madrid que é sempre o Real Madrid. Há equipas muito fortes em prova. Até o próprio Chelsea, que está a passar uma má fase. Mas se analisarmos a nível individual os jogadores que eles [PSG] têm são muito bons. O futebol está cada vez mais difícil, os jogadores das equipas ditas pequenas estão cada vez mais bem preparados e é por isso que as equipas grandes perdem mais vezes. Isso é bom para a competitividade.

Na chegada ao Bayern sentiu que a Champions é o grande objetivo da temporada?
- Não senti muito, mas o Bayern é sempre candidato a ganhar tudo e a vencer a prova. Faz parte da história de um clube habituado a ganhar muitos títulos. Têm seis Champions, só estão atrás do Real Madrid, que tem 14, e do AC Milan, que tem sete. Têm as mesmas conquistas do Liverpool. É uma equipa cujo objetivo anual passa sempre por tentar ganhar a Champions, embora esta seja uma competição que nunca será uma obrigação para nenhum clube, por ser uma prova tão difícil. Mas tenho a certeza que é um dos objetivos da temporada.

"Preciso de jogar para ser feliz"

Cancelo explica que a decisão de sair foi tomada em acordo com o clube e que teve uma conversa normal com Guardiola.

Desmentiu notícias sobre uma alegada discussão com Guardiola. Foi uma saída em paz com o treinador?
- Como ele já disse, encontrou uma forma de jogar, depois do Mundial, em que começou a jogar com um lateral mais por dentro, onde eu também já joguei, e gostou do que viu com o Rico [Lewis] e com o Nathan [Aké]. Respeitei a decisão dele porque tenho de o fazer e esta é uma equipa de grandes futebolistas. Mas acho que um jogador é sempre um pouco egoísta. Qualquer jogador quer sentir-se importante, quer jogar e quem diz que o contrário está a mentir. Um jogador competitivo, como sou, que ambiciona ganhar títulos, só quer jogar. É como o Pep disse, preciso de jogar para ser feliz. Não é uma questão de desvalorizar os meus colegas, porque para jogar outros ficam no banco. Mas achava que merecia jogar e ele não. Por isso, falámos, foi uma conversa, não foi uma discussão, e decidimos que o melhor seria eu sair neste mercado. Aconteceu tudo um pouco à pressa e, felizmente, porque ao longo da minha carreira tenho feito as coisas bem, surgiu a possibilidade de jogar numa equipa como o Bayern. Uma oportunidade que não podia recusar. Mas estou muito agradecido ao City e aos adeptos. Sou um jogador apaixonado, fui assaltado um dia e no seguinte estava a jogar contra o Arsenal, parece que algumas pessoas esquecem-se disso e passam a ideia que quis sair à força do City. Foi por acordo mútuo. Se o City não quisesse, não me deixava sair, porque eu tinha contrato. Sou muito profissional, sempre dei a cara por todos os clubes. Tenho uma personalidade difícil, sim, mas nunca, em momento algum, faltei ao respeito a colegas ou treinadores.

Confira algumas frases fortes desta entrevista que pode acompanhar ao longo do dia no site de O JOGO ou ler na edição impressa:

"O Bayern têm uma opção de compra, não sei se a irá exercer ou não, mas, enquanto cá estiver, vou dar o melhor de mim"

"A nível de talento individual, o PSG é, eventualmente, a melhor equipa do mundo. Mas a nível coletivo há muitas outras, como o City, o Bayern, o Real Madrid"

"A disciplina é muito forte, nos treinos é impressionante a forma como trabalham"

"Penso que Bayern e City estão em pé de igualdade para ganhar a Champions"

"O Pep é impressionante como treinador, faz evoluir os jogadores e faz com que estes atinjam um nível muito alto"

"O Bernardo é a pessoa que está a fazer-me mais falta aqui. Era o meu psicólogo"

"O Rúben Dias só quer ginásio"

"Tentei virar-me a um dos assaltantes e depois foi o que se viu, fiquei com uma cicatriz para o resto da vida"

"O mais difícil foi o dia a seguir, ir para Londres, porque tínhamos jogo com o Arsenal"

"Estou a adorar a forma como a Direção do Benfica pensa em tudo no clube. A aposta nos jovens, a seriedade com que têm sido feitas as coisas ultimamente"

"Roger Schmidt criou um grupo muito forte e vê-se mesmo quando eles não jogam bem. Há uma união tremenda"

"O Aursnes é formidável. Têm o Guedes que é outra mota. O Gonçalo Ramos não pára de marcar golos"

"Fernando Santos foi o mais titulado com a Seleção, temos de respeitar isso. Ajudou-me a cumprir o meu sonho de criança que era representar o meu país"