Um aviso belga antes do duelo de Sevilha: "Com esta geração, só a vitória final interessa"
Apesar de considerar que esta geração belga tem de conquistar um "prémio", o técnico que passou pelo Sporting espera um jogo equilibrado sem favoritos e reconhece muito valor a Portugal.
Corpo do artigo
Frankie Vercauteren atual treinador do Antuérpia e ex-técnico do Sporting, falou a O JOGO sobre o embate de domingo.
13853202
O que espera do jogo?
-Penso que será um jogo muito aberto, com duas grandes equipas, talvez no papel a Bélgica seja um pouco favorita, mas isso conta pouco para mim. É 50-50, a qualidade que apresentarem no dia do jogo e um pouco de sorte ou eficácia podem fazer toda a diferença a favor de qualquer um.
Há um pouco a sensação de que este pode ser o ano/momento desta geração de ouro da Bélgica, até nas casas de apostas é uma das favoritas...
-No passado ficámos felizes com o terceiro lugar no Mundial, mas, com esta geração, só a vitória final interessa. Não digo que vão ganhar, mas ninguém vai ficar satisfeito se não chegarem ao título. Estamos obrigados a ganhar o Europeu. Até podem perder com uma grande equipa e dizermos, depois, que perderam bem, mas, com os pés no chão, sem menosprezar ninguém, só um lugar interessa. Esta prova e o Mundial em 2022 será última oportunidade para muitos destes jogadores ganharem algo importante.
E como avalia o trabalho de Roberto Martínez?
-Fez um excelente trabalho até aqui, tem nas mãos uma fantástica geração, falta-lhe um título. Com muito respeito pelo que fez, está na altura de ganhar um prémio. Podemos esperar esse prémio com os jogadores que temos.
O que é que pode decidir a partida?
-Todos os jogadores têm de estar num alto nível, nos diversos sectores, não se podem dar espaços, ambas sabem utilizá-lo, e quem reduzir mais as chances do adversário marcar terá mais possibilidades de vencer. Será um jogo complexo taticamente, verdadeiramente multifunções.
"O verdadeiro europeu começa agora. Não há poupanças, é ir com tudo para dentro de campo"
Não serão as estrelas a ter o papel fundamental?
-Ninguém ganha sozinho, nem mesmo o Ronaldo. Claro que ele, De Bruyne, Lukaku e outros são jogadores que, pela sua qualidade, podem decidir um jogo em determinado momento. Mas precisam dos colegas; se um só desses jogadores estiver bem, pode até marcar dois golos, mas a sua equipa pode perder 3-2 ou 4-2. O futebol é um desporto coletivo e futebolistas como estes não se defendem sozinhos, todos têm de ajudar.
Como viu a primeira fase de ambas as seleções?
-Não se pode comparar, havia uma grande diferença entre os grupos. Portugal defrontou equipas do mais alto nível, a Bélgica estava um valor claramente acima das restantes três equipas, com todo o respeito que merecem, e por isso somou os nove pontos. Não se pode levar isso em conta. O verdadeiro Europeu começa agora, todas as principais seleções apuraram-se. Na fase de grupos ainda se pode fazer gestão, jogar com um ou mais resultados; agora, todos têm de jogar o tudo ou nada, não há poupanças, é ir com tudo para dentro de campo.
Para lá de Ronaldo, que outros jogadores se destacam na seleção portuguesa?
-Não gosto de falar de nomes. O Rui Patrício pode ser tão ou mais importante. Todos são fundamentais. Têm de jogar não os melhores 11 jogadores, mas os 11 que formam a melhor equipa, é essa a forma de ganhar. Além de Ronaldo, há outros que podem fazer diferença, até nas bolas paradas.
Que outros favoritos à vitória aponta, além da Bélgica?
-A França teve alguns problemas, não me convenceu muito, mas estava num grupo difícil e possui enorme qualidade. Tenho sempre a Alemanha entre as candidatas, nunca se pode deixar de contar com eles, e têm a tendência de subir de forma nos torneios. A Itália é um pouco uma surpresa, veremos como evolui contra equipas mais fortes, mas apresentou um futebol fresco e novo. Portugal, se passar a Bélgica, naturalmente, e a Holanda também está bem. Já a Espanha está um pouco estranha, é difícil dizer...