Vítor Pereira: "Rúben Amorim? Acredito que se tivesse ganho aquela final..."
Analisando a situação dos compatriotas na Premier League, que elogia, Vítor Pereira, em entrevista exclusiva, dá confiança ao técnico do Manchester United
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São quatro os treinadores portugueses que se preparam para arrancar a Premier League em 2025/26: Vítor Pereira, Marco Silva, Nuno Espírito Santo e Rúben Amorim. O técnico do Wolverhampton faz uma avaliação positiva dos compatriotas e acredita no sucesso do responsável do Manchester United.
Olhando aos seus colegas portugueses em Inglaterra, que avaliação faz?
—Um trabalho muito estabilizado, como o do Nuno também. O Nuno, agora, já a partir para objetivos diferentes. Eu a chegar... O nosso amigo no Manchester também...
Neste momento é quem tem a posição mais pressionada para a nova época?
—É, mas acredito que ele viva bem com a pressão. Porque para quem nasceu campeão e tem esse ADN, a pressão é quase um combustível. Está, naturalmente, num clube de uma dimensão mundial, mas acredito que este ano, sem competições europeias, o Amorim vai ter mais tempo de trabalho e mais possibilidade de fazer um campeonato diferente daquilo que fez o ano passado. Não sei se já mudaram muita coisa, porque muitas vezes é preciso ir buscar os jogadores certos para os lugares certos. E o Amorim teve um bocadinho uma entrada como eu, a meio, num clube que tem uma exposição mediática enorme. Acredito que se tivesse ganho aquela final [n.d.r.: Liga Europa, com o Tottenham]... Mas o futebol é mesmo assim.
Há uma marca de qualidade portuguesa? Rúben Amorim não alcançou o que os adeptos do Manchester esperariam, mas no seu caso colocou o Wolverhampton a subir, Nuno Espírito Santo vai à Europa, Marco Silva com um trabalho estável no Fulham...
—Tenho a certeza que a imagem do treinador português na Europa e no mundo está bem vincada. Adaptamo-nos, somos táticos, estratégicos, porque o futebol está no nosso sangue desde miúdos. Formamo-nos continuamente, eu estudo continuamente, todos os dias estudo, e acredito que para nos mantermos a um nível alto, temos que estudar sempre, estar sempre a querer descobrir coisas novas, esta inquietação de querer ser cada vez melhor, de querer viver. Eu tenho essa inquietação, que é de criar uma coisa bonita, um futebol bonito, competitivo, com carácter, bem jogado, que os adeptos saiam no final e digam “epá”. Gosto de sentir o carácter da minha equipa dentro do campo. E quando não sinto, isso é o que mais me entristece. A falta de coragem é o que mais me entristece nas pessoas. Quando não temos coragem de sermos nós próprios. Isso é um trabalho que se vai fazendo. O treinador português está sempre a marcar pelo mundo, e o jogador português também.