Vítor Pereira olha para a I Liga: "Para investirem é porque devem ter dinheiro"
Numa análise à próxima Liga, Vítor Pereira fala, em entrevista a O JOGO, do ataque ao mercado de Benfica e FC Porto, que procuram roubar o título de campeão ao Sporting
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Vítor Pereira sublinha a importância da próxima época para Benfica, em ano de eleições, e FC Porto, que ficou no terceiro lugar em 2024/25 e destaca também as apostas sólidas de investidores fora do topo da competição.
Olhando para Portugal, como vê a luta pelo título em 2025/26? O Sporting, como campeão, parte como favorito ou vai ser uma luta muito aberta?
—Vai ser um ano de eleições no Benfica, não é? Um ano de eleições é sempre um ano em que se tem de investir. O Benfica vai investir, tem de investir, para recuperar e ganhar um título. No FC Porto, um terceiro lugar é um lugar que não conta — ali joga-se para ganhar — e já estou a assistir a esse investimento. O Sporting manteve quase toda a estrutura. Não sei se o Gyokeres sai ou não — é um jogador diferenciado e, se sair, vão ter de encontrar no coletivo aqueles golos todos que ele marca, disfarçar o individual com o coletivo. E acredito que sim, porque é uma equipa que também está estruturada, já vem do tempo do Rúben e agora com um bom trabalho que também está a ser feito. Vai ser uma luta… O Braga anda, nos últimos anos, sempre a falar na ambição do título, e às vezes dá a sensação de que vai estar ali no meio e que até vai conseguir lutar, mas depois acaba, por um motivo ou por outro, por não conseguir. Há algumas equipas do meio da tabela que se veem com investimentos externos, de pessoas de fora que têm comprado as SAD, e já se veem alguns projetos interessantes — projetos no sentido de continuidade — como Famalicão, Estoril, Alverca, Casa Pia, Rio Ave...
Falou dos investimentos, tanto de Benfica como de FC Porto, e o Sporting poderá investir também caso perca Gyokeres. O Braga também fez a sua contratação recorde. Como vê esse investimento, há mais dinheiro agora em Portugal? Ou pode ser preocupante para os clubes portugueses investirem tanto?
—O investimento tem vindo um bocadinho de fora. Nós fomos sempre formadores, fomos muitas vezes um campeonato de ponte entre as grandes ligas e outros campeonatos. Um jogador comprado ainda jovem passa um, dois anos em Portugal e depois é vendido para os grandes mercados, fomos sempre este campeonato, mas fomos sempre muito competitivos, sendo um país pequeno.
Os valores falados para as contratações estão a subir. O Ajax quer 30 milhões de euros por Kenneth Taylor, alvo do FC Porto, o Palmeiras pediu 27 milhões por Richard Ríos, reforço do Benfica...
—Claro, eu até digo que o meu clube, por exemplo, não consegue competir com esses valores. Mas também se vende agora por preços muito mais altos, agora vendem-se jogadores em Portugal por preços muito altos, até para mercados diferentes, como a Arábia Saudita, um mercado que compra muito, que paga muito. Para investirem é porque devem ter dinheiro.