Abdoulaye evita falar da sua passagem pelos dragões, mas por momentos recordou-a com alegria e emoção, sobretudo pelo balneário. No Dragão não concretizou os seus sonhos, mas há "culpados"
Corpo do artigo
Já passou por quatro campeonatos, além de ter feito uma parte da formação em França. FC Porto e Fenerbahçe são os principais clubes nos quais atuou, mas não chegou a triunfar lá. Isso não impede que seja feliz, que se sinta realizado... Não é preciso ser um Ronaldo, não é?
Sim. Sou muito feliz porque com a minha idade já conheci muitas pessoas, muitos já reconheceram o meu valor. Estive no FC Porto onde jogadores como Falcao, James, Lisandro ou Bruno Alves reconheciam o meu valor, trabalho e talento e são ainda hoje amigos. E o FC Porto não assina com qualquer um! Não dá um contrato de cinco anos a qualquer jogador como fez comigo! Também foi maravilhoso jogar no Rayo Vallecano, já que pude jogar contra Messi e Ronaldo! Foi fenomenal, cresci como jogador e pessoa. E no Fenerbahçe encontrei Nani, Van Persie, Diego Ribas... Um dia, o Van Persie perguntou-me qual era a minha nacionalidade, eu respondi que era senegalês e ele disse "tu tens um talento que se fosses branco já estavas noutro clube". Ainda hoje troco mensagens com ele. Agradeço a Deus por me permitir estar um ano, dois anos, com jogadores desses no balneário. Espero que a minha carreira continue assim.
No FC Porto era o animador de serviço com o Danilo, pelo que me disseram...
Sim o Danilo! Também o Mangala, o Alex Sandro, e nunca vou esquecer o Liedson. Nunca vi uma pessoa com tanta piada como o Liedson. Foram dois anos e meio com um balneário espetacular. Por isso, o FC Porto também ganhou tudo. Éramos uma família. Se alguém me tocava, tocava em todos nós! Isso foi decisivo. Estive ligado ao FC Porto até aos 24 anos, sei bem o que é "ser Porto", o que significa ser um dragão. Podia ter tido mais continuidade, mas naquela altura havia Otamendi, Mangala, Maicon, e mesmo assim eu jogava 24 ou 25 jogos por ano. Agora, é passado. Sou feliz no Rayo Vallecano. A vida dá muitas voltas. Se eu não tivesse confiança no meu valor, estaria na terceira ou quarta divisão. Ainda hoje quando faço uma publicação nas redes sociais os adeptos do Fenerbahçe, por exemplo, pedem-me para voltar. Outro exemplo: estive seis meses na Alemanha e o presidente do TSV Munique já me ligou a dizer que quer que eu volte.
Mas no FC Porto não teve um final feliz. Aquele penálti - e expulsão - na final da Taça da Liga 2012/13, com o Braga, condenou-o?
Mas mesmo assim acreditaram em mim. Antes de ir para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, ofereceram-me a prorrogação de contrato. Permitiram-me dar um salto na carreira, aprendi muito com Jesualdo Ferreira, com Vítor Pereira... com todos. O primeiro a acreditar em mim foi Patrick Greveraars, que me deu um contrato profissional aos 16 anos para ficar no FC Porto. Fui emprestado e na altura acreditava que ia voltar e ter impacto. Estava muito bem no V. Guimarães, foram buscar-me em janeiro e acabei por não ser opção. É futebol, tive bons e maus momentos. Sigo em frente. Continuei a ser feliz. A primeira coisa é trabalhar e depois ser humilde, sempre me disse o meu pai. É o que eu faço. Vou dar tudo por quem acreditar em mim, vou continuar a desfrutar, ainda sou jovem.