Dupla que atua no Lechia Gdansk, João Nunes e Flávio Paixão analisou para O JOGO a remodelação do próximo adversário de Portugal na Liga das Nações, que é mais do que Lewandowski...
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Em fase de renovação, após uma dececionante campanha no Mundial"2018 (ficou no último lugar do seu grupo), a Polónia procura reencontrar-se com os bons desempenhos e, amanhã, Portugal terá pela frente um adversário que ainda está a assimilar a filosofia de jogo de Jerzy Brzeczek, sucessor de Adam Nawalka no comando técnico. "A Polónia é uma equipa que trocou há pouco tempo de treinador e ele quer impor um futebol ofensivo, com muita posse de bola e para os avançados da Polónia isso é muito bom", refere João Nunes a O JOGO.
A cumprir a terceira época no Lechia Gdansk, o jovem defesa-central fala-nos de uma seleção com "orgulho ferido" depois do desaire no Mundial. "Houve críticas pesadas e falou-se muito sobre isso. Agora, este treinador tenta implementar um futebol mais apoiado que começa logo no guarda-redes e centrais. Se olharmos para o jogo anterior com Itália, podemos ver que a Polónia teve mais posse de bola e mandou muitas vezes no jogo", observa.
Lacuna: o espaço deixado nas costas pelos laterais pode ser aproveitado por Portugal
Ao consagrado Lewandowski, grande figura da equipa, junta-se uma fornada de jogadores menos experientes, mas igualmente ávidos de altos voos, casos de Reca (lateral), Bednarek (central) ou Piatek, avançado de 23 anos que totaliza nove golos, em sete jogos na Serie A. "A Polónia não é só Lewandowski. O Zielinski, que já não é um desconhecido, é um médio muito bom na transição. Além deles, há malta jovem que acrescenta mais empenho e ambição em campo. Por serem mais novos, há aquela fome de mostrar mais e esse grupo de jogadores quer ganhar a triplicar", sublinha Flávio Paixão, atacante português e companheiro de equipa de João Nunes no Lechia.
À vontade de somar os três pontos e saltar para o primeiro lugar do grupo A3 da Liga das Nações, acresce a sede de vingança. É que os polacos ainda não esqueceram a queda no Euro"2016, consequência da derrota no desempate por grandes penalidades frente à equipa da Quinas. Para João Nunes, esse Portugal-Polónia é uma espinha atravessada para os locais. "Quando se fala neste jogo entre as duas seleções, muitas pessoas recordam-se do Europeu e daquela vitória de Portugal nos penáltis. Aqui, comenta-se que o próximo jogo pode servir de vingança", refere.
João Nunes, que não poderá estar no estádio, devido à distância entre Gdansk e Chorzów (mais de 500 quilómetros) alerta a defesa lusa para o potencial de Piatek, avançado que "protege bem a bola e aparece muito bem nos espaços dentro da área". Mas se Portugal deverá fazer "marcação cerrada" aos avançados polacos, a Seleção pode "explorar o espaço deixado nas costas pelos laterais, que se projetam no meio-campo contrário".
André Silva a "calar muitas bocas em Itália"
Emprestado pelo Milan ao Sevilha, André Silva está em alta e já totaliza sete golos pelos andaluzes. O bom momento do avançado português é destacado por Flávio Paixão, compatriota e colega de posição. "Passou por tempos muito difíceis no Milan e está a calar muitas bocas em Itália. Atravessa um momento de forma estupendo e apesar de não ter Cristiano Ronaldo ao lado, isso não será problema, porque tem um bom entrosamento com o Bernardo Silva, ou com outro jogador que estiver próximo dele", afirma Flávio Paixão. Para o avançado do Lechia, Glik, "um dos pilares" da defesa polaca, "não terá tarefa fácil" para marcar o atacante português.