Médio turco passa por fase de reinvenção na carreira e é uma peça chave do Inter, campeão de Itália
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Já este ani, Hakan Çalhanoglu foi questionado sobre quem eram os melhores médios do mundo. O médio turco não hesitou em dizer seu próprio nome.
Çalhanoglu passou por uma série de transformações na carreira. Nascido na Alemanha, o médio começou a carreira profissional no Karlsruher. Logo após a sua primeira temporada, foi vendido ao Hamburgo, onde foi tido como uma revelação. De lá, foi para o Leverkusen, onde fez três temporadas de grande sucesso.
Na Alemanha, ganhou a fama de marcar grandes golos de meia distância. Um de seus golos mais icónicos foi a 40 metros de distância contra o Dortmund numa vitória de 3-0, pelo Hamburgo. O turco deixou Jürgen Klopp sem reação.
Em 2017/18, foi para o Milan. Lá, passou por períodos difíceis de adaptação. Embora tenha feito uma série de temporadas fortes, o momento mau do clube e a pressão dos adeptos fizeram com que o seu tempo no gigante italiano fosse questionado.
Na temporada seguinte, uma mudança improvável de ares ocorreu. Após ser forçado a dispensar Christian Eriksen por conta de legislações na Itália que proíbem atletas a competirem com pacemakers, o Inter fez uma proposta ao jogador, que estava em final de contrato. Çalhanoglu, assim, trocou de clube, mas não de morada. Recebeu, claro, os típicos insultos de um jogador que troca o clube pelo rival quando saiu, mas os adeptos do Milan não sentiram tanto sua falta. Embora o turco tenha feito a melhor época de sua vida numa competição doméstica, com sete golos e doze assistências, seu antigo clube venceu o Scudetto pela primeira vez em onze anos.
Desde então, Çalhanoglu tem jogado cada vez mais recuado. Na sua primeira temporada pela Inter, jogou como o médio ofensivo num 5-2-1-2. Na primeira metade da temporada seguinte, jogou como médio à esquerda num 5-3-2, mas na segunda metade de 2022/23, o treinador Simone Inzaghi foi forçado a encontrar um substituto para o lesionado Marcelo Brozovic. Kristjan Asllani ainda não tinha maturidade suficiente para assumir tamanha responsabilidade, então o italiano confiou nas capacidades defensivas de Çalhanoglu para jogar como médio defensivo.
O turco adaptou-se perfeitamente à nova posição. O seu empenho defensivo até provou ser melhor que o de Brozovic. Como “regista”, Çalhanoglu não só continuou a ter a mesma produção ofensiva, tanto que marcou 12 golos na Série A nessa temporada, mas também passou a estar muito mais envolvido na distribuição e reciclagem da posse.
Antes, Çalhanoglu precisava de movimentar-se para que a bola o alcançasse. Como “regista”, a bola sempre chega ao turco no sistema de Inzaghi.
O volume de passes de Çalhanoglu para posições mais avançadas ou nos flancos é enorme, facto que ajuda os nerazzuri a progredir a bola com os alas ou com um dos médios que faz uma corrida por dentro. Ao mesmo tempo, o turco costuma receber passes bem mais curtos, predominantemente dos centrais.
Assim, é o principal responsável pela "reciclagem" e distribuição da bola no clube italiano. Sempre disponível para receber um passe curto dos defesas e em seguida distribuir ao outro flanco ou outro jogador com uma posição mais avançada que beneficie a equipa.
Pela seleção turca, o jogador tem assumido uma postura semelhante à que tem em Itália.
Çalhanoglu foi o jogador que mais realizou passes na estreia da seleção turca no Euro’2024, e com uma boa margem sobre o segundo jogador (Kadioglu). O médio foi essencial na distribuição da bola e forçou a seleção georgiana a recuar a marcação no primeiro tempo, face ao perigo que o alcance de seu passe representava.
O médio não foi o maior destaque do jogo – afinal, é difícil superar os golaços de Güler e Müldür –, mas é justamente isso que os treinadores procuram num médio defensivo. O próprio Guardiola já disse que “os melhores médios defensivos não aparecem nas capas de jornais. Eles escondem-se atrás da equipa, mas quando sua equipa joga bem, é porque foram excelentes”.
E é assim que Çalhanoglu joga, com excelência. Contra Portugal, o médio vai ter de se esforçar muito mais do que no jogo contra a Geórgia ou do que se esforça contra o adversário médio do Inter, mas os turcos certamente esperam que o médio faça um jogo deslumbrante e, sobretudo, passe desapercebido.