Tudo o que disseram Cristiano Ronaldo e Roberto Martínez na antevisão ao Irlanda-Portugal

Cristiano Ronaldo

A disputa por um lugar no ataque. Sente que tem lugar garantido? "Indiscutível, não há ninguém. Há o merecer de cada jogador pelo momento que vive, eu sou um deles e tento retribuir quando sou titular. Tento ser uma mais-valia também fora do campo para o grupo. Os números falam por si, estou muito feliz, a viver um momento bom com Roberto Martínez e quero continuar assim. Queremos fechar uma qualificação boa e estamos muito positivos."

Antes de se estrear, Portugal não tinha títulos e agora tem duas Ligas das Nações e um Europeu. Marcar o golo mil na final do Mundial, acredita nisso? "Andas a ver muitos filmes... Isso era demasiado perfeito. Voltando à realidade, todos esses dados deixam-me feliz. Uma seleção e uma equipa não dependem de um jogador, mas ajuda ter um que possa fazer a diferença com golos. São dados interessantes. Do Mundial, o que foi dito já sabem, não vou repetir. Gosto de marcar golos, é a minha posição também. Quero jogar este Mundial, se não, não estava aqui. Se esse filme se realizasse... acabava a carreira em grande, se fosse preciso."

O selecionador da Irlanda disse que controlou o árbitro no primeiro jogo... Que receção espera amanhã? "O que espero é que o estádio me vá assobiar amanhã, estou habituado e espero que o façam. Sabemos que é mais um jogo, não decisivo, mas quase. Se jogo é sinal de que faço as coisas bem e faço a diferença. Sobre o árbitro, não concordo. Se são uma equipa que só dão porrada, o árbitro quer defender o jogo. Tem de prevalecer a qualidade dos jogadores. São só palavras, desejo que Portugal faça um grande jogo e se apure."

A qualificação e o futuro após o Mundial e declarações recentes: "Ou Não. Não acredito que façam essa pergunta. Tu fazes e querias fazer uma à Ronaldinho. Vou responder na mesma. Vocês são inteligentes e sabem as circunstâncias do futebol, não vale a pena tirar o foco do principal. O importante é hoje, ganhar amanhã. É o objetivo. É importante para o país, para nós. Se calhar mais para a frente darei mais entrevistas e falarei de forma mais linear sobre o que penso do futebol."

Evolução como jogador e o que ganhou e perdeu. É mais difícil marcar golos hoje em dia? "Marcar golos, a meu ver, é a coisa mais difícil do futebol. Fui inteligente em poder adaptar-me ao futebol atual, às condições físicas e mentais, aos contextos dos clubes e das ligas. O verdadeiro jogador inteligente adapta-se. Penso e continuarei a pensar assim. Tens de te adaptar. O futebol agora não é igual ao de há cinco anos. Tens de ser inteligente. Ganhei umas coisas, perdi outras. O que faz a diferença é o coco. Tens um coco preparado para as adversidades e chegares mais vezes. Coco, cabeça. É isso que faz a diferença."

Que tipo de jogo espera? "Espero equipa que vai jogar com bloco baixo como em Lisboa. Acho que vai ser o mesmo jogo. Vão defender de forma coesa e compacta. Com os adeptos vai ser mais-valia para eles, mais motivados, com lançamentos que vão ser cantos. Sabemos que as equipas britânicas são assim, temos de estar preparados porque vai ser uma batalha. Sabemos que vai ser difícil, são fisicamente fortes, mas temos de fazer o nosso jogo".

O ambiente na Irlanda: "Gostei dos fãs de cá. É adorável. É um prazer vir e jogar aqui. Juro que tentarei ser bom rapaz, mas claro que vou tentar ganhar o jogo. Como já disse, vai ser um jogo difícil."

As declarações do selecionador da Irlanda: "Tentou tirar a pressão. Acho que tentou colocar o árbitro sob pressão. Sabe onde apertar. Sabe como tirar a pressão dos seus jogadores e colocá-la nos árbitros. Temos de estar preparados. Vai ser semelhante ao jogo de Lisboa. Eles podem acreditar e nós temos de fazer o nosso jogo."

A relação com O'Shea: "Joguei muitos anos com ele, tenho boa relação, assim como com outros irlandeses. Espero, no entanto, ser assobiado amanhã. Vão tentar forte, como nós. Eles precisam de ganhar e de conjugar com outros resultados. A cultura nestes países e a forma como olham para a seleção... estamos preparados. Temos experiência e sabemos como ligar com estes ambientes."

Roberto Martínez

Por que não chamou substitutos para Pedro Gonçalves e Pedro Neto? "Já falei do estágio de novembro, já preparamos com a ideia de um ou dois jogadores que possam não integrar a convocatória. A experiência, os últimos nove anos, o estágio de novembro tem sempre essa situação. Foi por isso que chamamos 26 jogadores, não acredito que perder um jogador para chamar alguém novo, a convocatória é um momento importante e um jogador quando chega à seleção precisa de ser chamado no dia da convocatória. É o nosso trabalho de preparar, antecipar, com 26 jogadores tínhamos a oportunidade de perder dois jogadores e continuar a preparação."

Como espera passar a barreira defensiva da Irlanda? "Eu acho que a Irlanda vai ser igual, mas o jogo vai ser diferente. A Irlanda de defender bem, agressivos, mas também fizemos um trabalho bom defensivamente. Anular a Irlanda com um ataque sem remates na baliza e sem lançamentos laterais, sem cantos, não espero isso. Vamos ver uma Irlanda que chega ao último terço. Uma Irlanda sem bola muito semelhante, mas com bola diferente. Um jogo que precisamos de manter concentração é um teste importante, porque o adversário vai empurrar e utilizar o jogo de casa e a força dos adeptos e depois utiliza a bola parada muito bem, precisamos de defender também. O jogo com a mesma Irlanda, mas com fases do jogo diferentes."

Sente responsabilidade a dobrar para conseguir a qualificação para o último Mundial de Cristiano Ronaldo? Sente também que os portugueses esperam a vitória na prova para que o capitão consiga levantar esse troféu? "No futebol, podemos utilizar conversas de futebol e falar no geral. Nas equipas técnicas, focamo-nos no próximo passo e o próximo passo é ganhar o próximo jogo e tentar ganhar contra a Arménia em casa, para apurar. Depois, não é olhar para o último Mundial do jogador, mas para os cinco que já disputou e isso poderia ser um ponto de experiência para preparar a equipa. Disse logo na convocatória, ficamos proibidos de falar do Mundial e só falar de Irlanda e do que podemos fazer para ter um bom desempenho."

O selecionador da Irlanda diz que tem de arriscar mais, mas sem dar espaço a Portugal e disse que Portugal tem fraquezas... "Todas as equipas no Mundo têm pontos fortes e fraquezas, não existem equipas perfeitas. Temos é de controlar o jogo onde temos os nossos pontos fortes. O selecionador da Irlanda está a falar das suas escolhas, o seu onze inicial vai ser diferente daquele que foi em Lisboa com jogadores mais criativos e que podem jogar entre linhas. A Lisboa utilizou dois jogadores na posição de 10, muito físicos e verticiais, e amanhã vamos ver um jogador com capacidade de posse. Jogadores para aquilo que a Irlanda vai querer fazer com bola, sem bola vai fazer exatamente o mesmo."

Portugal pode garantir o apuramento numa cidade que já juntou duas equipas portuguesas numa final europeia... "Gosto muito disso, um estádio fantástico, a força dos adeptos é muito semelhante àquilo que nós temos em Portugal, fizemos um estágio muito bom em setembro, muito bom em outubro e agora temos 10 pontos. Amanhã, em Dublin, com um ambiente especial, podemos atingir o nosso objetivo. O importante é que Portugal em todos os estádios do mundo possa mostrar a nossa qualidade e paixão e tudo aquilo que mostramos na fase apuramento."

Chamada de João Carvalho. Como reagiu a esta chamada? "Em primeiro lugar, mandar os nossos sentimentos ao José Sá e toda a família. João Carvalho é um guarda-redes com um potencial incrível, já tínhamos trabalhado com ele. Quando chegou ao treino, tinha um sorriso incrível e foi muito giro ver o seu nível durante o treino, porque já tem um potencial que é presente. Esperamos que a experiência neste estágio seja muito importante para a carreira."

Quão importante é conseguir o apuramento neste jogo? "Estamos focados na exibição, se jogarmos bem temos mais hipóteses de ganhar. É um grande teste, temos alguns ausentes e será bom para avaliar o nosso grupo. É importante ganhar e pode ser importante para o crescimento da equipa."

Empatou na Irlanda quando era selecionador da Bélgica e Portugal também empatou da última vez que jogou em Dublin. É algo a ter em conta? "É uma seleção muito competitiva em casa, por isso é que é um grande desafio. Sei o que os adeptos podem trazer à equipa, o jogo muda muito rápido aqui. Um jogo mais britânico, que se pode partir a qualquer momento, mas sempre capazes de superar este desafio."

Portugal pareceu frustrado por só conseguir marcar em Lisboa na parte final. Pensa que pode acontecer o mesmo neste jogo? "Não foi bem frustação, fizemos remates ao poste, tivemos muitas oportunidades, um penálti falhado. A Irlanda não fez remates, não teve cantos, sentia que Portugal merecia ganhar e marcar mais. Amanhã, será diferente e vamos ver uma versão diferente da Irlanda. Mas nunca tivemos frustração, nunca deixamos de atacar e reagir bem às adversidades. Continuo a fazer o que queríamos e fomos premiados no final. Vamos ver uma Irlanda diferente e o objetivo da Irlanda ainda é a qualificação."

Coleman, com quem trabalhou no Everton, é ausência na Irlanda. Isso obrigou-o a preparar o jogo de forma diferente? "Gosto muito dele, sempre gostei de trabalhar com ele e para mim era na altura o melhor defesa-direito da Premier League. Podemos ver que utiliza bem a experiência, como comunica e organiza a equipa. Por um lado, é bom saber que não joga, porque não é alguém que gosto de ter como adversário. Continua ser um jogador muito importante para a Irlanda, porque também sei o que ele traz para o balneário."