O médio português "explodiu" esta época no futebol francês, onde chegou por empréstimo do Benfica. Com dez golos é o segundo melhor artilheiro da equipa treinada por Leonardo Jardim e justificou plenamente o investimento realizado pelos monegascos em janeiro
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Uma das maiores promessas da formação do Benfica, Bernardo Silva rompeu definitivamente a ligação de 12 anos ao clube em janeiro, com o Mónaco a pagar euro 15,75 milhões. Em entrevista a O JOGO, o médio diz-se feliz pela mudança, que lhe permite outra definição para a carreira, reconhecendo, ainda assim, que o peso da transferência obrigou-o a crescer. Mas sublinha que já se sente outro jogador.
Leva 44 jogos neste ano, 31 como titular, e dez golos. É uma época em cheio?
-É muito bom. O Mónaco fez muitos jogos neste ano, porque esteve em várias competições, e tive essa oportunidade. Foi uma época muito positiva para mim, só tenho de estar muito feliz com o que alcancei.
Sente-se outro jogador?
-Sinto. Sinto que evoluí muito nesta época e que me tornei muito melhor jogador do que era há um ano.
O que mais destaca na sua evolução?
-Talvez a maneira como penso o jogo. Estou a pensar e a executar mais rápido. A nível tático existe também uma grande diferença em relação ao jogador que era. E a nível físico e de intensidade, porque a liga francesa é um campeonato muito difícil fisicamente. Tem jogadores muito fortes nesse aspeto e tive de adaptar-me e crescer.
A transferência em definitivo foi um alívio, em termos de definição de carreira? Passou a ter um futuro mais claro?
-Claro que sim. Apesar de ser no Benfica que sempre quis jogar, porque desde pequenino que sou adepto, e o meu objetivo em 12 anos no clube sempre foi afirmar-me na equipa principal, sabia que não teria o meu espaço no Benfica. Tanto nesta pré-época como possivelmente na próxima. De certa forma, foi um alívio. Aqui as pessoas acreditaram em mim e certas pessoas no Benfica não. Foi um alívio, sim.
O valor da transferência pesou psicologicamente? Pressionou-o?
-Às vezes pensa-se nisso: 15,75 milhões de euros é um valor muito alto e pesa sempre um bocadinho, mas penso que não é por aí. Se pagaram esse valor é porque têm confiança e vão apostar em mim. Dá-me mais confiança para melhorar o meu jogo.
O que lhe transmitiram os dirigentes do Mónaco aquando da compra definitiva do seu passe? Qual foi o feedback?
-Disseram-me que a responsabilidade aumentava, que agora não podia ser apenas um menino de 20 anos que estava simplesmente emprestado. Tinha de mostrar mais. Tive de crescer. Quase 16 milhões é muito dinheiro, isso deu-me confiança e responsabilidade. Também é uma coisa boa. Ajudou-me a crescer em termos mentais.
Sente que vale tanto dinheiro?
-Esse é um assunto para outras pessoas analisarem. Os dirigentes do Mónaco entenderam que sim, felizmente para mim, porque agora estou muito feliz aqui. Espero valer esse dinheiro. Já não tenho noção, porque o futebol está muito inflacionado e os jogadores saem por valores muito altos. Sinceramente, não sei se valho tanto dinheiro...
Vai ser algo a pairar sobre o seu desempenho no futuro?
-Tenho outra responsabilidade. Quando um clube paga este valor por um jogador, este tem de corresponder, tem de fazer valer esse dinheiro ao máximo. É isso que tenho tentado fazer. É muito dinheiro e espero um dia dar o retorno desportivo e financeiro ao clube.
Trabalha, portanto, para que o Mónaco possa um dia dizer que foi um jogador barato e para que o Benfica possa julgar que o vendeu por pouco dinheiro?
-Espero que sim. Espero um dia valer muito mais do que valho neste momento e se isso acontecer será um bom sinal. Será sinal de que concretizei mais objetivos
Em termos de reação dos adeptos, houve alguma mudança?
-Houve mais pressão, porque deixei de ser mais um jovem jogador que estava emprestado para ser deles por quase 16 milhões. Aumentou a pressão por parte dos adeptos, mas isso é bom; faz com que os jogadores queiram ainda mais atingir o sucesso.