O antigo médio da Roma, campeão italiano em 2001, e ex-líder do sindicato de jogadores de Itália, venceu as eleições para a câmara de Verona
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A cidade italiana de Verona tem um novo presidente da câmara e a notícia da sua eleição espalhou-se depressa fruto da sua identidade: Damiano Tommasi, de 48 anos, antigo futebolista campeão italiano na Roma de Totti, em 2001, e internacional transalpino - esteve no Mundial"2002, de péssima memória para a Azzurra, eliminada pela anfitriã Coreia do Sul num jogo com arbitragem polémica!
Tommasi não é o primeiro ex-futebolista eleito para um cargo político - de Romário a Weah, passando por Jardel, multiplicam-se os exemplos -, mas a história da sua eleição e do seu espírito inovador merecem ser contadas. Desde logo porque se apresentou a escrutínio, em outubro passado, sem ligação a qualquer partido, aliás, nunca foi filiado em nenhum. Posteriormente, recebeu o apoio de partidos progressistas, como o Partido Democrático, de centro-esquerda, o Movimento 5 Estrelas, que se define como um não partido e é liderado pelo comediante Beppe Grillo, ou o liberal Action, do eurodeputado Carlo Calenda. Com 50,1% dos votos, Tommasi bateu o candidato do centro-direita (43,7%), num triunfo histórico, pois esta foi a tendência política que dominou o município de Verona nos últimos 15 anos.
O rosto da mudança no município de Verona, que ganhou fazendo "o que não se espera de um candidato"
Tal como quando era o pilar do meio-campo daquela Roma campeã, onde as estrelas eram o treinador, Fabio Capello, e o número 10 e capitão, Francesco Totti, também na corrida política Tommasi primou pela discrição. Nem selfies, nem redes sociais, nem campanha televisiva. Como escreveu o jornal "Il Sole 24 Ore", Tommasi, presidente do sindicato de futebolistas profissionais italianos entre 2011 e 2020, "fez tudo o que não se esperaria de um candidato na era da política de gritaria e da internet: apertou milhares de mãos, girou como um pião por toda a região e cientificamente evitou os palcos e a ribalta televisiva".
A coligação "Rete!" (golo, em italiano), de cariz progressista, conquistou um feudo da direita graças a uma antivedeta cuja grande inspiração é... um padre. Mas não um qualquer: don Milani (Lorenzo Milani), mais concretamente os seus princípios e ensinamentos, são a grande força motivacional de Tommasi, pai de seis filhos entre os 24 e os nove anos, e fundador (e proprietário) de uma escola a todos os títulos inovadora, aberta em 2017, onde às disciplinas normais se somam matérias como circo, narração, teatro, arte, robótica, educação emocional, sanitária e para a cidadania.
Tommasi jogou dez anos na Roma, onde ganhou um Scudetto e uma Supertaça. tem ainda um Europeu sub-21
"Venho de uma cultura católica progressista", disse Tommasi, pensando certamente em don Milani, o padre que defendia a objeção de consciência ao serviço militar obrigatório e que dizia dar aulas "por querer o melhor" para os seus alunos. Um livro dele mudou a vida de Tommasi, que fez questão de incluir no programa eleitoral uma frase do padre que nasceu e morreu em Florença: "Aprendi que o problema dos outros é igual ao meu. Sairmos deles juntos é política, sairmos sozinhos é ganância".
Na ressaca da vitória eleitoral, o antigo centrocampista afirmou: "Estou contente, porque para lá do resultado, conseguimos falar de política sem ter que atacar os adversários, sem denegrir, sem insultar".
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