Tomás Soucek pode não ser um fenómeno do futebol, mas é um dos jogadores mais importantes do West Ham e é essencial para a seleção checa.
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Com seus quase dois metros (ou 192 centímetros, mais precisamente), Tomás Soucek destoa de outros médios. É comum que jogadores desta estatura joguem como defesas centrais ou pontas de lança, mas o checo tem uma função muito específica – e difícil de executar – nos sistemas em que joga.
Enquanto estava no Slavia Praga, Soucek só era conhecido por aqueles que assistiam a liga checa e pelos que assistiam os poucos jogos da equipa na Liga dos Campeões. Contudo, após sair do West Ham, o gigante checo ganhou a fama de ser uma das maiores ameaças aéreas na Premier League, mas do meio-campo.
Naquilo que só pode ser descrito como “Moyesball”, o sistema ultraconservador, físico e com foco no jogo aéreo que o West Ham joga desde o fim de 2019 – e que deve parar com a chegada de Julen Lopetegui aos hammers – é bastante heterodoxo no topo das competições europeias, mas o treinador escocês conseguiu fazer com que a equipa fosse a competições europeias em três das quatro temporadas completas no clube.
Uma peça essencial de seu plantel foi Tomas Souček. Com seu porte físico dominante e uma presença aérea fenomenal, o checo transformou-se rapidamente no foco das bolas paradas do West Ham.
Sendo médio, é natural que Souček marque alguns golos, mas o jogador do West Ham é um dos médios que mais marca no futebol europeu consistentemente. Desde 2020/21, Soucek marcou 24 golos no campeonato inglês, tendo chegado a 10 logo em sua primeira temporada na Inglaterra.
Esse faro de marcador surge desde que surgiu na equipa juvenil do Sparta Praga. Quando chegou à equipa profissional, era um ponta de lança, mas um dos treinadores do clube checo, Jindrich Trpisovsky, viu o potencial que Souček tinha numa posição mais recuada. Com pernas longas e uma força descomunal para a região do campo, o checo assumiu uma postura muito mais defensiva e costuma atuar mais recuado, mas mesmo mais assim sempre faz corridas à grande área no momento certo. Um box-to-box que vira um box-crasher, como diriam os ingleses.
Esse recuo no posicionamento não só é crucial defensivamente, mas é essencial para a progressão de bola do West Ham e da seleção checa. Sem muito recurso para fazer uma saída apoiada com seus centrais, é muito comum que ambas as equipas só aliviem a bola, mas sempre com um jogador em mente. A partir de então, conseguem reter a posse 35, 40 metros acima no campo porque um certo gigante venceu um duelo inevitável.
Devido ao setor do campo em que atua, a tendência é que Souček sempre vença os duelos aéreos. Na Premier League, é o segundo médio com mais duelos aéreos vencidos, atrás apenas de Kai Havertz – que passou a jogar de ponta de lança a partir da segunda metade do campeonato. Pela seleção checa, Souček também tem números avassaladores. Com 12 golos em 68 jogos, é um dos dez maiores marcadores da história da seleção checa.
Embora tenda a jogar mais recuado, não seria surpreendente ver o checo numa posição mais avançada contra Portugal, especialmente contra médios muito mais baixos do que ele. Na seleção portuguesa, os jogadores que mais chegam perto da altura de Soucek são José Sá e Palhinha. Sá tem os mesmos 192 centímetros, Palhinha tem dois centímetros a menos.
Se há um perigo para as equipas de Roberto Martínez, são seleções que param o jogo. No último mundial, a Bélgica passou por sufocos contra Marrocos e Croácia, duas equipas que ficaram confortáveis em defender e ganhar duelos no meio-campo. A seleção portuguesa pode até estar muito acima da Bélgica que disputou o Mundial de 2022, mas se a Chéquia conseguir amarrar o jogo, Portugal pode ter uma noite para esquecer. E nessa noite um dos protagonistas seria com certeza Tomás Soucek.