"Tivemos Futre, Figo e Cristiano. Agora dependemos de Chico Conceição e Rafael Leão"
Silas, em entrevista a O JOGO, aborda o susto de uma vida ao primeiro dia em Ceuta, o prazer de ter craque inglês a seu lado no Wolves e a Seleção Nacional
Corpo do artigo
A época de 1998/99 marca a entrada de Silas em Espanha, pela porta do Ceuta. “Cheguei e aluguei um apartamento acabado de remodelar. A senhoria deu-me a chave às 11 horas. Fui lá e vi o que precisava. Ao sentar-me no sofá, pego num comando para sintonizar canais, sem som. Começo a ouvir um barulho estranho de ‘psss psss’, não parava e pareceu-me esquisito, ao que desvio o sofá e estava lá uma cobra piton. Comecei a andar devagar até à porta e chamei os homens das obras e a senhoria, que, por sua vez, chamou um homem de uma loja de animais. Já não fiquei naquela casa! Um susto para a vida”, recorda o antigo médio, que também prova o futebol inglês quando não havia tradição portuguesa no Wolves.
“Faço três jogos pelas reservas e jogo com o Gascoigne. Ele, com 36 anos, vai treinar ao Wolves umas semanas, porque era muito amigo do Ince e do nosso treinador. Ele podia jogar a ajudar-nos! Foi uma experiência incrível porque jogávamos os dois no meio, ele um pouco atrás de mim. Era muito fácil, porque pensava rápido e era intuitivo. Para mim era uma maravilha, só tinha de orientar o meu corpo e dominar para a frente. Era só passes precisos com direção e força. Impressionou-me imenso, nunca esquecerei, mesmo não estando no melhor fisicamente”, avalia Silas, medindo o impacto da final do Europeu entre Espanha e Inglaterra com aviso interno.
“Espanha foi a melhor seleção, manteve um nível exibicional consistente e teve nos extremos homens decisivos. Acho que temos de pensar em criar novamente estes jogadores na nossa formação. Tivemos Chalana, Futre, Figo, Quaresma, Simão, Cristiano. Agora dependemos do Chico Conceição e do Rafael Leão. Temos de formar mais extremos puros”, avalia.