A prova em que Portugal se estreia e que serve de ensaio para o Campeonato do Mundo pode ter os dias contados pela FIFA
Corpo do artigo
Portugal vai participar pela primeira vez na Taça das Confederações que pode ter na Rússia a sua última edição. "Tudo está em cima da mesa. Podemos rever o formato, rever as datas. Deve ser em junho, ou deve ser em novembro?", admitiu há dias o presidente da FIFA, Gianni Infantino. Há quatro anos, no Brasil, a prova foi um sucesso no campo, com estádios cheios, golos e jogo atraente embora no meio de grandes manifestações políticas contra o governo local. Mas custou à FIFA 70 milhões de euros em despesas - as receitas estão ligadas aos contratos comerciais e de televisão do Mundial.
A FIFA organiza a prova desde 1997 para testar alguns dos estádios e a logística do Mundial do ano seguinte. Só que nem todos concordam com a sua realização. "Não ficaria triste se não houvesse este ano Taça das Confederações e acho que os outros envolvidos também não", confessa Joachim Low, treinador da Alemanha, campeã do mundo, que apresentará uma equipa com muitas segundas escolhas.
O pouco descanso dos jogadores não ajuda e Gianni Infantino, presidente do organismo que gere o futebol, assume que o cenário poderá passar por uma versão alargada do Mundial de Clubes
O nosso Rui Costa mostrou-se também frontalmente contra a realização da prova, porque não permite aos jogadores terem as férias que necessitam para a sua regeneração física. No resto do mundo, há muitas posições idênticas.
Em 2022, o Mundial será no Catar e será disputado no Inverno, por causa do calor que se faria sentir em junho. Sendo assim, pode ser o momento de rever esta prova, embora haja contratos em vigor que incluem esta prova ainda no Catar. Mas esse não seria o grande problema, porque Infantino já colocou a hipótese de realizar o Mundial de Clubes - que a FIFA quer expandir - em vez desta prova.
A Rússia aproveita o torneio para passar uma imagem de país moderno. Quem tiver bilhete, tem transporte garantido entre as cidades, embora os comboios oferecidos entre Sochi e Moscovo demorem 36 ou 48 horas...
A Rússia aproveita mesmo este mini-Mundial para passar uma imagem de país moderno, seguro e calmo. Quem tiver bilhetes, tem transporte garantido entre as cidades, embora os comboios oferecidos entre Sochi e Moscovo demorem 36 ou 48 horas... O problema da segurança - o último caso foi o metro de São Petersburgo ter sido atingido por um bombista suicida, em abril - acreditam que está resolvido e que, tal como nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, de 2014, tudo correrá bem. No Europeu em França, houve problemas com os adeptos russos e com um dos seus líderes, mas há indicações de que já estão a ser filtrados os elementos considerados perniciosos.Nas quarto cidades em que se joga o torneio há, para já, bom ambiente, embora a venda de bilhetes esteja aparentemente abaixo das expectativas. As autoridades querem mostrar na televisão um país longe das polémicas da interferência nas eleições americanas, ou da guerra na Ucrânia, de modo a ter uma massiva presença de turistas dentro de um ano. Porque as polémicas locais continuarão, como aconteceu com a construção do estádio do Zenit - o clube do presidente Putin e do seu braço-direito Medvedev -, que só há pouco ficou concluído, quase dez anos depois da data inicial, e custou seis vezes mais do que estava orçamentado.