Superliga: presidente da Liga espanhola acusa FIFA de estar por trás do projeto
Javier Tebas ao ataque contra Gianni Infantino na abertura da Plataforma de Aconselhamento de Clubes (CAP) das Ligas Europeias. Ceferin, presidente da UEFA, comparou a Superliga à... covid-19.
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O presidente da Liga espanhola acusou esta quinta-feira a FIFA de estar por trás do projeto da Superliga europeia e advertiu que a competição não está morta, apesar da desistência de nove dos 12 clubes fundadores.
Javier Tebas discursou na abertura da Plataforma de Aconselhamento de Clubes (CAP) das Ligas Europeias, em Madrid, e acusou os presidentes dos "resistentes", Real Madrid, Barcelona e Juventus, mas também a FIFA, de quererem destruir o valor criado pelo futebol durante mais de 50 anos.
"O que estou a dizer agora, que a FIFA estava por trás de tudo isto, não sou eu a dizê-lo, são os próprios clubes", acusou o presidente da La Liga.
Antes, Tebas convidou a ler as notas de imprensa da FIFA, que, "antes do Congresso da UEFA", falavam de um "projeto de Superliga fora do sistema", o que "não significava que estivesse contra um projeto fechado, mas fora do sistema", mas também "não era tão duro como três dias depois, quando viu o projeto ruir como um dominó".
"Chamo a atenção para as palavras de Gianni Infantino. Ele responde que 'há muitos rumores, mas eu reúno-me com quem quero, para ouvir todas as opiniões e ideias novas'. Não negou que se reuniu com os clubes da Superliga porque não pode, há provas. Agora, o que faz é transformar isto num relato favorável, mas a lealdade dele tem de ser para com a UEFA e as competições nacionais", criticou Tebas.
O representante das competições profissionais espanholas insistiu também, várias vezes, que "a Superliga não está morta", apesar de se referir a Florentino Pérez (presidente do Real Madrid), Joan Laporta (Barcelona) e Andrea Agnelli (Juventus) como "três náufragos".
"A Superliga já acabou? Não! Se entendermos a Superliga como um formato de 15 clubes mais cinco convidados, fechado, que substitui a Liga dos Campeões, esse formato está morto. Mas a Superliga não é um formato, é um conceito que começou há 20 anos com a criação do G14. É um sonho de presidentes de alguns clubes como o Real Madrid", advertiu Tebas.
Segundo o dirigente, os clubes por trás do projeto querem fazer passar a ideia de que "os únicos geradores de receitas são os grandes clubes", mas lembrou que todos, "desde o mais pequeno ao maior", contribuem para criar valor no futebol.
"Andamos há anos com esta história de mudar de formato. É a única coisa que sabem fazer estes "brilhantes" gestores: destruir o valor criado durante muitos anos por todos nós para ficarem eles com esse valor. Depois dizem: "senhores, esse valor que criaram durante 50 anos, pego nisto tudo, vou para as minhas mudanças de formato e distribuo tudo entre nós", exemplificou.
Além disso, Tebas agradeceu "à Premier League e aos seus adeptos" a oposição que manifestaram contra a Superliga desde o primeiro instante, que "foi onde esteve a liderança para parar o modelo", mas também "à UEFA, porque manteve uma atitude e posicionamento firmes". "O que se tentou fazer foi muito grave. Foi um golpe de Estado contra o futebol europeu, na cabeça da UEFA, contra as competições europeias, sem conhecer os estatutos, as normas, as regras. É muito grave o que se pretendeu", considerou.
Logo após a intervenção de Tebas, na abertura da CAP, foi exibida uma mensagem em vídeo do presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, que comparou o projeto da Superliga com o novo coronavírus, que provoca a covid-19, na forma como tentou "separar" os clubes europeus.
"Não nos parece que o vírus seja diferente da tentativa de alguns para separar o futebol. Não sei se a nossa sociedade vai voltar a ser como antes, mas sei que nós, na UEFA, damos agora muito mais valor à importância da união no futebol europeu", observou Ceferin. O presidente da UEFA prometeu, ainda, "compromisso" no apoio a "toda a pirâmide do futebol", lembrando que é "mais rico e forte graças à sua universalidade e diversidade".
"Todos os clubes, campeonatos e adeptos são igualmente importantes para manter de pé esta pirâmide. A pedra mais pequena não é menos importante do que a maior. Os grandes clubes precisaram das suas competições internas para ganhar, crescer, serem grandes. Esta é a grande ironia desta Superliga e torna patente que não compreenderam nada", apontou Ceferin.
A Plataforma de Aconselhamento de Clubes (CAP) reuniu esta quinta-feira, em Madrid, por teleconferência, os líderes de várias ligas nacionais e clubes europeus, para debater temas como a Superliga europeia, as competições profissionais e a sustentabilidade dos clubes e futebol profissional.