Mexicano foi operado e está em recuperação do incidente com David Luiz, no Arsenal-Wolverhampton. Mas, o tema das lesões cerebrais ganhou força, com mudanças de regras previstas já para 2021
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A introdução de uma substituição suplementar em casos de concussão cerebral, como o que este fim de semana marcou o jogo Arsenal-Wolverhampton, é uma das alterações que o IFAB - International Football Association Board, a quem cabe estipular as regras - equaciona adotar.
Por proposta do Comité Técnico, que deu parecer favorável, a questão deve ser discutida no próximo dia 16, data da reunião anual do IFAB, para que os testes a essa alteração possam ser implementados o mais rapidamente possível.
Segundo escreveu o jornal "The Guardian", esses testes podiam avançar em Inglaterra já no arranque de 2021: a Federação inglesa está pronta a aplicar a medida em jogos da Taça, assim que ela for formalmente aprovada pelo IFAB, e embora a Premier League não se tenha ainda pronunciado, no passado há também registos favoráveis nesse sentido e uma vontade expressa de fazer parte do inevitável período experimental.
Esta reunião do IFAB a 16 de dezembro, considerando o tal parecer favorável do painel técnico que lhe serve de apoio, pode dar luz verde ao processo, até porque a reunião seguinte ocorrerá apenas a 6 de março de 2021.
O caso que este fim de semana envolveu Raul Jiménez sublinha a urgência do debate. Um choque de cabeças entre o mexicano e David Luiz, no Arsenal-Wolverhampton, deixou Jiménez com uma fratura craniana. Transportado de imediato a um hospital londrino, o avançado, ex-Benfica, foi operado e, segundo um boletim clínico entretanto disponibilizado pelos Wolves, o jogador está "confortável" e em recuperação pós-operatória.
"Ele já esteve com a esposa, Daniela, e agora está a descansar. Permanecerá sob vigilância mais alguns dias, enquanto inicia o processo de recuperação", lê-se na nota do clube treinado por Nuno Espírito Santo.
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Ontem, em Inglaterra, discutia-se ainda se David Luiz deveria ter permanecido em campo. O brasileiro aguentou ainda toda a primeira parte, com a cabeça ligada e a sangrar com abundância. Acabaria por ser substituído ao intervalo. O técnico dos londrinos, Mikel Arteta, sublinhou que os protocolos foram seguidos e que David Luiz terá garantido estar em condições.
Acrescentar uma substituição extra em situações que envolvam concussões cerebrais seria uma forma, dizem os que a defendem, de garantir que as equipas não são prejudicadas. Nenhum técnico ficaria privado de outras mudanças de cariz tático caso tivesse de substituir um jogador por uma lesão desta natureza, ou se tivesse esgotado as alterações antes.
A associação inglesa de lesões cerebrais lamentou que "o futebol continue a falhar na proteção dos jogadores; não se pode facilitar neste tipo de lesões", argumentou o seu líder, que acha ainda perigoso aceitar como suficiente a opinião de um jogador para o deixar continuar em jogo depois de uma concussão.