Sporting, Bayern e Juventus ficaram para trás: no final, vontade de Fati prevaleceu
O extremo nascido em Bissau é um dos fenómenos mais precoces da história. Aos 16 anos já resolve jogos a favor dos blaugrana e foi o mais jovem de sempre a marcar pelo clube em La Liga.
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Cristiano Ronaldo, Luís Figo, Paulo Futre, Quaresma, Nani, Simão, etc. O próximo cliente desta lista de estrelas do futebol mundial com passagem pelas camadas de formação do Sporting podia ser Anssumane (Ansu) Fati, avançado nascido na Guiné-Bissau que se tem revelado um autêntico fenómeno com a camisola do Barcelona.
Sporting, Bayern, Juventus, Dortmund e Roma lutavam, mas a sua vontade prevaleceu
O pai do atleta esteve no último defeso em Alcochete, em negociações com os verdes e brancos, mas o diálogo não correu da melhor forma para o clube português, conforme, aliás, foi reconhecido através de um comunicado emitido já em fins de setembro. Deixaram entender os leões que a "a capacidade financeira" do clube, em contraste com "os valores astronómicos que já se praticam nos escalões de formação", foi o principal obstáculo à transferência.
E, com efeito, a concorrer com os leões estavam alguns dos mais poderosos emblemas europeus. De acordo com informações recolhidas por O JOGO junto de fontes próximas do atleta, Bayern Munique, Juventus, Roma e Borússia Dortmund também estavam em campo numa corrida que, à cabeça, tinha o próprio Barcelona.
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Afinal de contas, foi na Catalunha que o avançado jogou nos últimos sete anos. Fati gostava (e gosta) do Barcelona, sentia-se confortável no clube e sobretudo acreditava plenamente que iria conseguir vingar com a camisola blaugrana. Acabou mesmo por ser a vontade do futebolista a prevalecer, e isto apesar de o próprio pai, Bori Fati, ter reconhecido publicamente que o avançado "ficava em Portugal" caso o Sporting lhe tivesse prometido uma ascensão rápida no futebol do clube. Uma escalada que, afinal de contas, ele tem tido desde que, a 24 de julho, assinou finalmente o primeiro contrato profissional com os culés.
Apenas uma semana depois da estreia, a 31 de agosto, com 16 anos e 304 dias de idade, Fati tornava-se o mais jovem de sempre a marcar um golo pelos catalães na liga espanhola. E por estes dias, com mês e meio de casa, Ansu Fati é mesmo o homem de quem se fala. Perdão, o rapaz. Um dos mais talentosos futebolistas da sua geração e, ao mesmo tempo, também um dos que maior potencial tem para chegar ao vértice mais alto do futebol mundial.
"Sei que vou chegar longe"
Como um dos principais segredos para esta inesperada explosão, o facto de se sentir como peixe na água no meio da multidão que, invariavelmente, enche até transbordar as bancadas de Camp Nou para os jogos do Barça.
Uma característica especial pode ajudar Ansu a ser grande: o prazer que sente em ser o centro das atenções no meio da multidão
Ansu Fati não se importa de ser o centro das atenções. Pelo contrário, até gosta. "Nesse aspeto, ele é um pouco como o Cristiano Ronaldo. Não tem medo do público. Gosta de ver gente no estádio e de mostrar o que sabe. Sente-se bem no meio da multidão", conta a este jornal Ensa Fati, um dos tios do guineense. "Ele vai ser dos melhores jogadores do mundo, isso eu posso prometer. E já em pequenino ele me me dizia: "Tio, eu sei disso, eu sei que vou chegar longe." E eu digo-lhe a si: ele nasceu mesmo para jogar futebol."
Outro tio do atleta, de nome Mussa Fati, diz mesmo a O JOGO que, na sua opinião, a jovem estrela ainda não mostrou tudo o que pode valer. "Por enquanto, ainda está a jogar com algum cuidado. Isto no sentido em que ainda se preocupa muito em não errar. Quando ele jogar mesmo o que sabe, pode destacar-se muito mais."
Faz "batotas" na bola como Neymar
Ansu Fati tem jogado nas alas, mas safa-se bem em qualquer das posições da frente. "Pode jogar como ponta de lança, nas costas do avançado ou então na esquerda, a fletir para o meio. Nesse sentido, acho-o mais parecido com o Cristiano Ronaldo do que com o Messi", afirma Mussa Fati, tio de Anssumane. "Ele pega na bola e joga como se fosse da mesma idade do que os outros. Não tem medo de assumir o jogo. E depois sabe fazer tudo: é bom a correr com a bola nos pés, a fintar, a passar e a rematar. Agora é só uma questão de tempo e de ter oportunidades para se destacar ainda mais", completa. Já para outro tio, Ensa, o jovem nem lhe faz lembrar Messi nem Ronaldo; o mais parecido é um brasileiro que nos últimos anos tem andado mais longe destas andanças. "Com quem eu comparo mais o Ansu é com o Neymar, e com a habilidade que ele tem. Se lhe dão liberdade, ele faz tudo no campo - faz batotas na bola." Esta sexta-feira, porém, um histórico do futebol mundial comparava Fati a um mito do Real Madrid, Raúl, pelo "misto de calma e explosividade". "Tem uma maturidade surpreendente. E sabe muito bem se deve ir para cima do defesa ou, pelo contrário, travar", afirmou Jorge Valdano.
Mundial de sub-17 já não é para ele
O guineense do Barcelona já se naturalizou espanhol e recentemente foi grande a polémica quanto à sua eventual chamada à seleção de sub-17 do país vizinho, que a partir do dia 26 deste mês vai disputar, no Brasil, o campeonato do mundo da categoria. Caso fosse chamado, o avançado teria de falhar pelo menos cinco jogos do Barcelona, o que estava a causar grande incómodo entre os catalães. Por outro lado, era um risco desnecessário estar a colocá-lo em campo com jovens jogadores de um patamar qualitativo abismalmente inferior. O JOGO apurou, porém, que o clube catalão chegou a acordo com a federação espanhola para que o atleta não fosse chamado. Aliás, sexta-feira o selecionador principal da Roja, Roberto Moreno, admitiu ter pré-convocado Fati, mas uma lesão e problemas burocráticos impediram a sua chamada.