Tata Brown, defesa-central argentino no México'86, sofre de Alzheimer galopante e tem sido alvo das mais diversas (e originais) formas de solidariedade à escala planetária.
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Num dia de 2010, um carro parava no meio da autoestrada que liga as cidades argentinas de Buenos Aires e Rosário. Lá dentro, uma pessoa confusa olhava em várias direções, consumida pela desorientação. Foi reconhecido de pronto. Era um campeão do mundo. Era José Luis Brown, o Tata Brown, o central de ferro que Maradona considerou seu lugar-tenente na conquista do México"86.
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O episódio não ganhou grande dimensão pública. Medicado, Brown, ainda assim, continuou a treinar, atividade que deixou em 2014, quando abandonou o Ferro Carril Oeste.
A triste explicação para a demissão soube-se depois: Brown, o autor do primeiro golo na final contra a Alemanha em 1986, sofria de uma forma de Alzheimer, que se tornou galopante e comoveu todo o mundo do futebol. As manifestações de solidariedade têm sido tão diversas quanto múltiplas e exemplares.
Quando se soube da doença e das contas médicas que a família de Brown tinha a pagar, todos os campeões do mundo e principais figuras do futebol argentino e mundial promoveram iniciativas de angariação de fundos.
A mais notável delas foi o leilão promovido recentemente pela empresa Futbolasta Auctions cuja verba recolhida reverteu a favor da família do Tata. Sob o lema "José Luis Brown & Friends - The Tribute", foram licitadas peças do acervo pessoal de Cruyff (concedidas pela família deste), Beckenbauer, Zidane, Asprilla, Mágico González e Neymar.
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Maradona, profundamente abalado com a doença do seu amigo pessoal, ofereceu uma camisola sua do Argentinos Juniors, de 1978, e Pelé enviou uma sua do Cosmos, datada de 1975.
Entretanto, Florencia, filha de Brown, dedicou-se à música e tem feito relativo sucesso na Argentina como cantora, encontrando assim uma forma de não deixar morrer o nome do pai... e ajudar nas contas lá de casa.
Mas a doença tem avançado impiedosa e rapidamente, revelou há poucas semanas José Ignacio, filho do ídolo do Estudiantes de La Plata. A questão é cuidar de que nada falte. Tata Brown vai deixando de dar acordo de si próprio, mas o planeta do futebol não se esqueceu dele.
Foi no início da década de 1990, mais precisamente em 1993, que começaram a surgir as primeiras ligações - com base em estudos - entre a prática do futebol e casos de demência. A morte de Danny Blanchflower, capitão da melhor equipa de sempre do Tottenham, nos anos 1960, foi das primeiras a ter sustentação baseada nesta mesma ligação.
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