Antigo guarda-redes e figura de destaque do Liverpool, Bruce Grobbelaar volta fazer revelações impressionantes.
Corpo do artigo
O antigo guarda-redes e figura de destaque do Liverpool Bruce Grobbelaar voltou a fazer duras revelações a propósito da guerra do Zimbabué. Depois de uma entrevista dada à BBC, Grobbelaar aprofundou o tema ao jornal "The Guardian".
"A minha primeira vez foi ao anoitecer. Quando o sol se põe vês as sombras nos arbustos. Não reconheces ninguém até que vês o branco dos olhos. És tu ou eles. Disparas e há uma troca de balas. Ouves vozes ao teu redor. Quando acaba o fogo vês corpos por toda a parte. Na primeira vez tudo o que tens no estômago sai-te pela boca", contou Grobbelaar, sem fazer as contas às pessoas que matou.
"Quantas? Não consigo dizer. Sim, matei muitos homens. Apenas posso arrepender-me do passado, não o posso mudar", vincou, recordando que alguns soldados preferiram o suicídio a mais meses na guerra. "Mataram-se entre eles no quartel. Não conseguiram aguentar", disse, apontando um exemplo assustador de um soldado. "Cortava a orelha em cada homem que matava. Guardava as orelhas num vaso. A sua família foi torturada e queria vingança".
O futebol, esse, foi o escape. "Os adeptos chamavam-se Jungleman (homem da selva). Diziam que não era branco, mas um negro com a pele branca. O futebol salvou-me e estive afastado dos pensamentos obscuros da guerra", terminou.
Quanto ao currículo, destacam-se duas Champions e seis campeonatos de Inglaterra, entre outros troféus.