Cândido Costa era um dos capitães do Belenenses em 2008/09, clube que sofreu com a saída do treinador para o Braga. A O JOGO, o antigo ala lembra episódios e elogia o técnico do Flamengo.
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Cândido Costa, hoje com 38 anos, já deixou os relvados em 2015, mas continua ligado ao futebol, agora como comentador televisivo. Em conversa com O JOGO, o antigo jogador lembrou histórias da convivência com o treinador do Flamengo que, amanhã, vai jogar a final do Mundial de Clubes.
Treinado por JJ no Belenenses durante as épocas de 2006/07 e 2007/08, o jogador formado no FC Porto e recorda, divertido, um episódio e uma provocação do treinador antes de um jogo da Taça UEFA entre o emblema do Restelo e o Bayern Munique. "Antes dessa partida, queixei-me da perna e ele diz-me que eu sofro de "Riberyte", que estava todo "borrado". Até disse ao fisioterapeuta que queria mexer-me na perna. Disse-me: "Isso não é nada." Fiquei a olhar para o fisioterapeuta sem saber o que fazer. Acabei por jogar 12 minutos e saí por lesão... ainda reclamou comigo por não lhe ter sido honesto [risos]."
Cândido Costa reconhece, contudo, que o método rígido do amadorense resultava: "Com o Jesus no Belenenses tínhamos uma mesa destinada aos "gordos", para onde ia a malta que tinha de fazer dieta. Estávamos habituados a treinos tridiários na pré-época, perdidos no monte e estávamos sujeitos a rescindir se comêssemos uma baba de camelo. Depois veio o Casemiro Mior. Fomos para o Algarve. Se com Jesus parecíamos que estávamos presos pela dureza, com ele [Mior] parecia que estávamos de férias. Sem Jesus, correu bem essa época... descemos de divisão [risos]."
"Viaja, vê vídeos e quer estar em tudo. Na altura, já nos dizia no balneário que era um dos três melhores treinadores portugueses. É um grande treinador: não tem a oratória de José Mourinho, que nos emocionava no balneário, como se estivéssemos a ver o 'Gladiador'!
Ainda na viagem ao passado, Costa sublinha que já há 14 anos Jesus dizia caminhar para o estrelato. "Gosto dele no banco, porque esvazia o tanque. Está sempre a dar indicações e sempre motivado no trabalho. Limou algumas arestas para conviver com harmonia num grupo de trabalho. Sempre primou pelo detalhe, fornecendo todas as perspetivas aos jogadores. Viaja, vê vídeos e quer estar em tudo. Na altura, já nos dizia no balneário que era um dos três melhores treinadores portugueses. É um grande treinador: não tem a oratória de José Mourinho, que nos emocionava no balneário, como se estivéssemos a ver o 'Gladiador'. Com Jesus ficas com vontade de rir, é verdade, mas acabas a valorizar o seu trabalho. Agregas-te. Continua o mesmo nas conferências de Imprensa, aceitou as brincadeiras e manteve-se fiel a ele mesmo", conclui.
"Querer controlar o ataque do Liverpool é entrar em coisas míticas"
Cândido Costa, antevendo a final do Mundial de Clubes a O JOGO, vê possibilidades para a equipa do Flamengo. "Jesus tem um percurso longo para saber que deve manter a identidade, ainda que compactando mais a equipa. O Flamengo tem intérpretes para, com bola, enervar o Liverpool. Estou curioso e até acho que o Flamengo pode ganhar. O Liverpool está mais habituado a este tipo de jogos, mas não acredito que tenha o romance por esta final que os jogadores do Flamengo têm. Pode pesar no desfecho deste jogo."
O ex-ala direito deixa, porém, avisos sobre a qualidade ofensiva do campeão europeu: "O maior desafio do Flamengo acontecerá no momento da perda, porque o Liverpool é uma equipa com automatismos que tornam a sua transição ofensiva repleta de velocidade. Executam bem e têm um último terço imprevisível. Querer controlar os três jogadores da frente é entrar nas coisas míticas. Há alguns movimentos padronizados, mas há muito movimento, muita imprevisibilidade."