Seleção sub-21 à conquista do sonho: "Não podemos querer ser tão perfeitos"
A poucas horas de Portugal defrontar a Itália, nos quartos-de-final, o jogador dos Wolves lembra que já sonhava como o título antes de tudo começar. As exibições na primeira fase deixam-no confiante.
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Eleito pela UEFA como a "estrela" de Portugal na fase de grupos do Europeu de sub-21, Vítor Ferreira, mais conhecido por Vitinha no futebol, parte para a fase a eliminar cheio de confiança e com o sonho de ajudar a Seleção Nacional a conquistar a competição. O médio do Wolverhampton falou em exclusivo como O JOGO, antes ainda de se juntar ao grupo de Rui Jorge.
Quais os planos para esta fase final do Europeu de sub-21?
-Temos as expectativas em alta. Fizemos uma grande primeira fase, com uma fase de grupos quase perfeita, talvez mesmo perfeita. Ganhámos os três jogos, marcámos seis golos e não sofremos nenhum. Foi perfeito. Aos bons resultados adicionámos boas exibições, com um futebol muito atrativo. Sabemos que agora não vai ser fácil, porque é a eliminar, mas vamos dar a melhor resposta possível.
As expectativas estão muito altas?
-Talvez, pelo que fizemos na primeira fase do Europeu. Aceito que as pessoas tenham as expectativas altas para a nossa seleção, mas isso não chega ao nosso grupo. Sabemos o que temos de fazer para que tudo corra como na primeira fase do torneio, porque as coisas não caem do céu, e há muito trabalho que tem de ser feito para que possamos chegar perto do que fizemos antes.
E o facto de as expectativas estarem muito altas é benéfico ou prejudicial?
-É benéfico, porque é muito bom estarmos motivados para fazermos tudo tão bem como na fase anterior, mas não podemos cair no erro de querer ser tão perfeitos como então. Temos, contudo, de olhar para o que fizemos e pensar que é esse o caminho para esta fase a eliminar. Agora temos de pensar jogo a jogo, primeiro na Itália. É ganhar ou ganhar.
O que sabem desta seleção italiana?
-Conheço um ou outro jogador, porque alguns deles já têm nome no futebol europeu, mas coletivamente não sei nada sobre a Itália. Ouvi o selecionador [Rui Jorge] dizer que jogam em 3x5x2, mas não tenho ideia da forma como jogam, porque não vi nenhum jogo deles. Temos tempo para preparar o jogo da melhor forma.
Sente que esta seleção pode ser ou vir a ser a melhor geração do futebol português?
-Vão sempre fazer essas comparações, mas depende sempre de como corre. Não é por aí que nos guiamos. Temos de fazer o nosso trabalho e temos de nos divertir, porque é isso que fazemos em campo e acho que dá para ver.
Pela qualidade deste grupo, já sonha com o título europeu?
-Claro, quem é que não sonha? Já sonhava antes de começar o apuramento para o Europeu. Estamos mais perto, mas temos um longo caminho a percorrer.
Já que falamos de qualidade, é obrigatório olhar para o meio-campo. Como vai ser esta luta por um lugar no onze?
-É uma luta boa e permite uma competitividade muito alta. Quem está lá dentro tem de jogar bem, mas quem fica de fora também motiva a malta que joga. Há um espírito muito competitivo, até porque há muita qualidade. Não há espaço para vacilar ou para nos desleixarmos. Estamos todos num nível alto e isso serve para nos ajudarmos uns aos outros, seja no meio-campo, no setor defensivo ou no ataque.
Se Rui Jorge entender, pode dar-se o caso de jogar um trio se conhece quase de olhos fechados, com Vitinha, Romário Baró e Fábio Vieira...
-Há jogadores que se conhecem bem do FC Porto, do Benfica ou do Sporting, mas isso não interfere assim tanto como se pensa, porque damo-nos todos muito bem e, dentro do campo, isso nota-se. Não acho que temos mais química entre nós por sermos do mesmo clube.
A rivalidade entre FC Porto, Benfica e Sporting não entra nesta seleção?
-Não, nada. Temos um grupo muito unido e saudável. Isso nota-se em campo.
Isso também é responsabilidade de Rui Jorge?
-Claro, mas também parte muito de nós, jogadores, porque damo-nos bem. Não há muito egos, há espírito de equipa e muita vontade de ganhar.