A regularidade com que joga faz o guarda-redes José Sá considerar que a troca do FC Porto pelo Olympiacos foi a melhor opção.
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Era o primeiro na linha de sucessão de Casillas e ainda chegou a ganhar o lugar ao espanhol em 2017/18, mas foi no Olympiacos que José Sá se afirmou como guarda-redes de clube grande.
"A pressão no Olympiacos é igual à de estar no FC Porto. Aqui acabei por ganhar mais confiança"
Na antecâmara do reencontro com o FC Porto, na Liga dos Campeões, o internacional português aborda, em entrevista a O JOGO, o passado no Dragão, assume-se um apreciador de Marchesín, perspetiva um futuro promissor a Diogo Costa e, claro, fala sobre o desafio de amanhã.
É o terceiro ano como titular do Olympiacos. Foi a melhor opção de carreira?
-Claro. Precisava de jogar e vi que no FC Porto não teria essas oportunidades. Então, julgo que sair foi a escolha acertada.
É mais difícil ou mais fácil ser-se guarda-redes na Grécia, em comparação com Portugal?
-Pode dizer-se que é mais fácil, embora, aqui, também haja muitos jogos grandes, com o PAOK, o AEK e o Panathinaikos. Mas o nível é muito diferente em relação ao português no que toca à qualidade dos jogadores e dos campos...
E a pressão? Os adeptos são muito apaixonados...
-Sim, eles são fanáticos. Se as coisas não correm bem, mais vale nem sair de casa [risos]. Mas acho que a pressão de estar no Olympiacos é igual à de estar no FC Porto. Aqui, acabei por ganhar mais confiança com os jogos, com a estabilidade que fui tendo, e os adeptos também gostam de mim. Isso faz com que esteja mais tranquilo.
"Já que não foi o Olympiacos a passar aos oitavos de final, pelo menos é o FC Porto"
Sente que passou a ser mais valorizado após esta mudança?
-Sem dúvida. Porque, como disse, precisava de jogar e foi por isso que vim para aqui [Olympiacos]. Jogando, acabo por ser mais valorizado.
O enfarte de Casillas aconteceu na primeira época em que jogou no Olympiacos. Acredita que, com um pouco de paciência, poderia ser agora o titular do FC Porto?
-Não sei. Não estava lá para ver o que poderia ter acontecido, por isso, não quero dizer que sim ou que não. São coisas da vida. Infelizmente aconteceu isso ao Iker [Casillas], mas hoje está bem, e isso é o mais importante. Agora estou aqui a lutar e a jogar, e isso também é o mais importante.
Saiu de alguma forma desiludido por não ter conseguido impor-se?
-A desilusão foi comigo, porque tive a oportunidade e não correu como queria.
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Olhando para trás, o que teria feito de diferente?
-Não quero pensar nisso, porque olhar para trás e dizer se tivesse feito isto ou aquilo é muito fácil. Quando se está lá é que se vive o momento, e é que é preciso decidir. O que está feito, está feito. Agora é seguir em frente.
Ficou alguma mágoa pelas opções de Sérgio Conceição?
-Nunca, isso nunca. Sempre respeitei as opções do Sérgio [Conceição] e sempre o farei.
O FC Porto acabou por contratar Marchesín. Há alguma característica que aprecie nele?
-Sim, é muito bom. Tive a possibilidade de ver alguns jogos e gosto muito dele. Até como pessoa, porque já tive possibilidade de falar com ele. Tem muita qualidade técnica, caso contrário, também não estaria no FC Porto.
"Diogo Costa é o futuro"
José Sá trabalhou com Diogo Costa durante a passagem no Dragão e concorda com os que veem o internacional Sub-21 como o dono da baliza do FC Porto no futuro.
"O Diogo tem muita qualidade e, se trabalhar e tiver cabeça, é possível. Gosto muito de o ver na baliza. Considero-o um grande guarda-redes e pode vir a ser o futuro", refere o número 1 do Olympiacos, que aconselha o ex-companheiro a "continuar a trabalhar e seguir forte".
"Mágoa com as opções do treinador? Nunca, isso nunca. Sempre respeitei as opções do Sérgio [Conceição]"
Sei que não está numa situação fácil, porque não está a jogar, mas a oportunidade dele vai chegar e, depois, só tem de a agarrar", sustenta.
"Europeu? Fernando Santos conhece-me"
Uma lesão fez José Sá saltar fora da lista de convocados de Fernando Santos, mas o sonho do Europeu persiste. "Seria o reconhecimento do trabalho que tenho feito", refere, apontando a razão que o faz ter esperança na chamada com tão forte concorrência. "Já estive na Seleção, o selecionador conhece o meu trabalho e tenho feito boas épocas aqui, mesmo a nível europeu", recorda.
"Gostava de jogar outras ligas"
No verão, José Sá viu o nome associado a outros clubes. No entanto, o guardião explica que "a pandemia estragou tudo". "Existia a possibilidade de sair, mas não se concretizou", lamenta, embora não esconda a ambição de jogar outras ligas. "Gostava de experimentar o campeonato inglês ou o espanhol, porque são os dois melhores do mundo", indica.
"Relação com Pedro Martins é tranquila"
José Sá passou das mãos de Sérgio Conceição para Pedro Martins e garante que "existem diferenças entre ambos". "Cada um tem a sua forma de trabalhar, mas ambos são bons. Já conheço o Pedro Martins há sete ou oito anos e a relação é muito tranquila", afiança.