Ildefons Lima, recordista no Guinness como jogador que mais anos esteve ativo numa seleção não acredita que Ronaldo, possa ainda correr por essa marca
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Ildefons Lima, recordista no Guinness como jogador que mais anos esteve ativo numa seleção - 26 por Andorra - não acredita que Ronaldo, 21 anos a jogar por Portugal, possa ainda correr por essa marca. Antigo central andorrenho, que jogou dos 17 aos 44 anos por Andorra, conserva camisolas de Ronaldo e de Pepe, que muito admira, na sua coleção de 1300 peças de indumentária desportiva.
Precisaria Cristiano Ronaldo de mais cinco anos na Seleção, tempo que lhe renderia a disputa de mais um Mundial e até um Europeu, para poder igualar o recorde que parece mais inatingível do craque madeirense. Pertence ao andorrenho Ildefons Lima, que se despediu da sua seleção em setembro de 2023, com um total de 137 internacionalizações, mas uma imparável travessia de 26 anos entre o dia da estreia, com 17 anos, e o adeus, aos 44 anos.
O JOGO falou com este antigo central, que passou pelo Rayo Vallecano, Série B de Itália e primeira liga da Suíça, que tem nome inscrito no Guinness, sem que tenha esse reconhecimento das instâncias superiores do futebol. Ildefons aceita o repto de desbravar a motivação de uma continuidade tão épica, mesmo com remotas possibilidades de vitórias ao longo da história.
"Foram 26 anos com a seleção de um país em que só 30 mil têm passaporte. Daí que é normal que percas mais vezes, pois competes com países de milhões de habitantes. O raro seria Portugal, Espanha ou França perderem com a quantidade de gente que têm. Quando se é pequeno e sabes que és pequeno, percebes que o teu trabalho é mais difícil, que tens de lutar mais por bons resultados. Mas chegará sempre o dia em que o consegues!", atesta.
"Trabalhas para melhorar e para fazer com que as diferenças se tornem menores. Missão impossível numa grande fatia de jogos mas, noutras alturas, a verdade é que o conseguimos", confessa, lendo a longevidade de tantos andorrenhos na seleção, como é o caso de Márcio Vieira (Marco). "É normal, a estreia vem cedo, acumulam-se os anos, não há grande concorrência, somos poucos. Se te cuidas, tens continuidade e alargas a carreira. Os jogadores de Andorra retiram-se, muitas vezes, depois dos 40 anos", evidencia Ildefons, sem divisão quanto ao seu sentimento, mesmo nascido na Catalunha. "Isso é só uma consequência dos hospitais de Barcelona terem mais recursos. Nasci em Barcelona mas tinha a família a viver em Andorra. Embora filho de mãe catalã e pai andaluz, tendo essa mescla, sinto-me só andorrenho", denota Ildefons Lima, que só pôde vencer 6 dos 137 jogos por Andorra.
"Qualquer jogador pensa em ganhar, por Andorra era mais complicado, de modo que a grande recordação que tenho seja uma dessas vitórias, contra a Hungria, em 2017, triunfo por 1-0, em nossa casa. Dá para lembrar rivais e estádios, mas vencer é o propósito e as se vitórias são poucas, são essas que tens de celebrar, porque foram mais celebradas que noutros lados", argumenta o antigo central, irmão de outro antigo internacional andorrenho, que passou pelo União da Madeira: Toni Lima.
Ildefons desencoraja Cristiano Ronaldo a pensar em quebrar o seu recorde. O madeirense joga pela seleção desde agosto 2003. "Não sei se ele se propõe a isso. Eu tenho 26 anos de seleção. Estamos a falar de Portugal, que forma jogadores de imensa qualidade. Olho para Cristiano com muito carinho e pelo nível que demonstrou durante anos e anos, mas está no final da carreira. Talvez ele possa dizer, agora, que é momento para dizer basta e acabar. Viu-se no Europeu que jogou pela lenda que é do que pelas qualidades ao dia de hoje", observa Ildefons, crítico de não ser enquadrado de outra forma por quem rege o futebol quanto à marca que atingiu.
"Ter a carreira internacional por uma seleção mais larga de sempre é um orgulho. Estar 26 anos a representar Andorra é uma loucura! É um recorde sem repercussão mundial, mas se fosse Cristiano Ronaldo faziam-lhe estátuas em todo o lado", ironiza. "Aqui nem sequer a FIFA ou UEFA te dizem algo. Quando é com jogadores do topo, adoravam fazer ações de galeria, para impressionar! Como é alguém de Andorra, não fazem nada! Mas representar um país durante 26 anos é mesmo incrível, só uma grande continuidade te permite isto, é começar muito jovem e acabar muito velho. Não é uma regularidade fácil", explana.