"Ronaldo? Aquilo é atirar bolas para dentro da área e esperar que ele resolva"

O ex-Sporting conta que, no clássico com o PAOK, não deixaram entrar o presidente do Olympiacos no estádio, gerando-se uma confusão de alguns minutos que prejudicou a equipa.

Escolheu o Olympiacos porquê?

-Foi um clube que investiu muito em mim e o interesse não era novo. No ano anterior jogámos contra eles na Liga dos Campeões e manifestaram de imediato vontade em contratar-me. Estão sempre na Liga dos Campeões e, com um treinador português, tudo foi mais simples.

citacao "O Olympiacos está sempre na Liga dos Campeões e, com um treinador português, tudo foi mais simples"

Financeiramente, também foi aliciante?

-Sim, mas isso já no Sporting não era problema. Esse fator não foi decisivo na escolha.

Sente-se agora um jogador mais importante?

-Sem dúvida. Há uma grande diferença entre um jogador que atua com regularidade e outro que é suplente.

O que é que a liga grega lhe dá?

-Tem uma exigência brutal a nível de dérbis e clássicos. Em Portugal, temos quatro jogos grandes por época. Aqui temos cinco a seis equipas de nível muito elevado e essas partidas repetem-se com alguma frequência. E já nem falo no ambiente nos estádios.

Apesar de estar num grande clube, este ano nem se pode dizer que esteja tudo bem. O que se passa?

-Sim, deveríamos estar melhor, mas não é fácil construir uma equipa a partir do zero. O PAOK está em primeiro, mas os jogadores que formam o plantel deles estão há três/quatro/cinco anos juntos. Depois, há coisas extrafutebol que afetam a classificação.

citacao "Há muito jogo por trás, não sei se será corrupção ou apostas. Há coisas que acontecem dentro do campo..."

Fala de que situações concretamente?

-Há muito jogo por trás, não sei se será corrupção ou apostas. Há coisas que acontecem dentro do campo... Os árbitros dos dérbis são internacionais, não são gregos. Dá para perceber que algo se passa. Quando fomos jogar contra o PAOK, por exemplo, não deixaram entrar o nosso presidente no estádio. E foram dez a 15 minutos de confusão antes do jogo.

Como é a relação com os adeptos, sabendo-se da paixão extrema que nutrem pelo clube?

-São fanáticos. Em Atenas, quase toda a gente é do Olympiacos e sempre que vamos à rua somos abordados. Por exemplo, uma vez fui a um restaurante com a minha família e cobraram-nos metade do valor da conta por eu ser jogador do Olympiacos.

"METO TODOS AO BARULHO"

Podence assistiu ao recital de Cristiano Ronaldo contra o Atlético de Madrid e tira o chapéu ao avançado português. "Aquilo é atirar bolas para dentro da área e esperar que ele resolva."

Quem vai ser campeão em Portugal?

-[risos] Não consigo arriscar, não vale a pena lançar um palpite.

Mas também considera tratar-se de uma luta entre Benfica e FC Porto?

-Não sei, se eles tiverem mais um empate ou uma derrota, o Braga e o Sporting voltam a aproximar-se. Ainda meto todos ao barulho, é muito cedo para se falar no campeão.

citacao "Sou um felizardo; o meu pai viu o Eusébio, o Pelé e eu vejo o Ronaldo"

E o que é que se pode dizer mais de Cristiano Ronaldo, autor de um hat trick no jogo entre a Juventus e o Atlético Madrid?

-Aquilo é atirar as bolas para dentro da área e esperar que ele resolva. Não sei o que é que ele tem, o que é que lhe deram; o que eu sei é que consegue superar-se a cada jogo. Cala todas as críticas, ultrapassa todas as adversidades. Não tenho palavras. Basicamente, é aproveitar o tempo e desfrutar do futebol dele. Sou um felizardo; o meu pai viu o Eusébio, o Pelé e eu vejo o Ronaldo. Sou feliz por isso. Aproveito para ver o que ele faz, porque é mesmo de se tirar o chapéu. É incrível.

E quais são os seus planos para o futuro na Seleção?

-Como já disse, apenas estou focado no Olympiacos.

Quem é o melhor jogador jovem do campeonato português?

-Se o Bruno Fernandes ainda for considerado jovem [risos]... é ele.

E o que tem a dizer de João Félix, que tem estado em destaque no Benfica?

-Está em muito bom nível. Mas há outros jovens no Benfica a ter um rendimento altíssimo.