"Bruno de Carvalho? Passaria ao lado, nem sequer quero ouvir falar nesse nome"
ENTREVISTA (PARTE 1) - Podence rescindiu contrato com o Sporting, alegando justa causa após os incidentes de Alcochete. Agora, no Olympiacos, garante que os leões necessitam de reativar a política da formação.
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Em entrevista a O JOGO, o avançado admite que deixar o Sporting após 13 anos no clube foi o "momento mais difícil" da sua vida. Confessa que o ataque à Academia ainda lhe causa arrepios e há um nome proibido na sua vida: Bruno de Carvalho. "Nem quero ouvir falar dele."
As memórias do que aconteceu em Alcochete ainda estão muito presentes?
-Prefiro não falar sobre isso - nem me quero lembrar. Já passou, não faz parte do meu dia a dia. Mas sempre que alguém fala do tema, obviamente lembro-me do dia em que aconteceu e fico a tremer. Foi chocante. Não quero pensar mais nisso, porque dói demais. Mudemos de assunto...
Mas é precisamente nisso que se baseia a sua argumentação quanto à justa causa para rescindir contrato com o Sporting?
-Não falo sobre isso. São coisas que estão no processo.
Quando rescindiu com o Sporting, chegou a associar-se o seu nome ao Benfica. Houve alguma verdade nisso?
-Não, não houve nada com o Benfica.
Abandonar o Sporting foi a decisão mais complicada da sua vida?
-Foi, sem dúvida. Foram muitos anos lá, foi a casa onde cresci.
Admite regressar um dia?
-Não penso nisso, penso no presente. O futuro só Deus sabe.
"Bruno de Carvalho? Passaria ao lado, nem sequer quero ouvir falar nesse nome"
Se se cruzasse com Bruno de Carvalho, dir-lhe-ia alguma coisa?
-Não, nem olhava para ele. Passaria ao lado, nem sequer quero ouvir falar nesse nome.
"Surpreende-me o facto de ser tão grande a diferença de Bruno Fernandes para os outros todos"
Partindo do princípio de que tem seguido com atenção os jogos do Sporting, está impressionado com Bruno Fernandes e a influência que ele tem tido no futebol praticado pela equipa?
-Surpreende-me o facto de ser tão grande a diferença dele para os outros todos: um clube grande não pode ter um superjogador e os restantes não conseguirem acompanhar. Já em relação à qualidade individual, não fico surpreendido.
Acha que ele se irá manter no Sporting ou voltará a emigrar na próxima época?
-Não faço ideia, isso é com ele.
Frederico Varandas quer mudar o paradigma do Sporting, tornando o clube mais competitivo. Acredita no projeto do novo presidente?
-Frederico Varandas é um ótimo médico, como presidente não conheço. Quer levar o Sporting para a frente, porque é um grande sportinguista. Sei que o Sporting se vai levantar, mas parece-me que o caminho para o futuro deveria ser a formação. Facilitaram muito nos últimos anos.
"O Sporting devia seguir o exemplo do Benfica na formação"
Está a dizer-nos que o Sporting deveria seguir o exemplo do Benfica na formação?
-Claro. O Benfica começou um trabalho há uma década e está a colher os frutos ano após ano. Pelo contrário, o Sporting andou a estragar o trabalho que tinha feito e agora não consegue fazer muito mais. O Benfica é o reflexo daquilo que um clube pode fazer se apostar na qualidade da sua formação. O Benfica está a ter frutos e o Sporting não. Todos sabem porquê...
Porquê?
-O Sporting não conseguiu fazer evoluir o seu scouting e a verdade é que a qualidade da formação mudou de clube. Talvez tenha sido a mudança de scouting ou as Direções quererem apostar noutras coisas que não na formação. Desde as gerações de 94/95, tem sido mais o Benfica a formar jogadores e vê-se isso por aqueles que têm saído.
"BAS DOST PRECISA DE UMA EQUIPA QUE LHE META BOLAS"
Bas Dost está a passar por um momento mais complicado. Não marca golos e o estado anímico não é o melhor, associando-se este mau período ao que o avançado holandês sofreu no ataque a Alcochete. Podence não faz uma ligação direta: "É um finalizador. Necessita de uma equipa que lhe meta as bolas e lhe dê algo para trabalhar. Quando isso não acontece, tem mais dificuldade", explicou. O atacante mostra-se também surpreendido com a pouca utilização do amigo Francisco Geraldes. "Não entendo. Como amigo e jogador, reconheço-lhe muita qualidade, não sei o que se passa; acho que nem ele sabe."