Madrid recebe a segunda mão da final da Libertadores depois de a violência ditar dois adiamentos. À terceira haverá campeão?
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Em vez de esvoaçarem em frente à Casa Rosada ou ao Obelisco, marcos da cidade de Buenos Aires, as bandeiras e cachecóis de River Plate e Boca Juniors invadiram este sábado a Porta do Sol e as imediações do Parque do Retiro, em pleno coração e pulmão de Madrid. As cenas são dignas de um filme de ficção, mas representam a realidade da mais insólita das finais da Taça Libertadores, que, de acordo com os mais críticos, deveria ser rebatizada como "Colonizadores da América", por ser disputada na capital do império que mais oprimiu os povos sul-americanos.
Naquela que é a terceira tentativa para disputar a segunda mão, adiada, primeiro, devido ao ataque ao autocarro do Boca por parte dos adeptos do River e, posteriormente, pelos ferimentos causados a vários jogadores xeneizes, os dois emblemas mais populares da Argentina vão lutar, este domingo, pelo cobiçado troféu, após um empate a dois golos na primeira mão, disputada em La Bombonera. Todos os amantes do futebol esperam que à terceira seja mesmo de vez, mas a possibilidade de esta decisão se arrastar fora das quatro linhas é real. Isto porque o Boca ainda tem uma ação a correr no TAS reclamando a atribuição do troféu na secretaria, após o ataque à sua comitiva quando esta se dirigia para o Estádio Monumental, no passado dia 24.
Castigado pela CONMEBOL, Marcelo Gallardo vai orientar o River a partir de um dos camarotes do Santiago Bernabéu e recusou-se a comparecer diante dos jornalistas para antever o encontro, limitando-se a "incitar" os adeptos através das redes sociais. "Vamos defender-vos da melhor maneira possível. Juntos somos mais fortes", escreveu o treinador dos millionarios, que em competições sul-americanas não perdeu nenhuma das quatro finais que disputou. Por seu lado, Guillermo Barros Schelloto destacou a insatisfação - que se estende aos dois lados da barricada - por uma final "atípica". "Nada disto é normal. Nós não aprendemos, repetimos sempre os mesmos erros e quem paga é a imagem do futebol argentino", disse.
Hoje, se tudo correr finalmente bem, a América do Sul ficará a conhecer o seu campeão, mas o brilho, esse, ficou definitivamente afastado por entre as pedras e tochas que partiram as janelas do autocarro do Boca Juniors.