Relato arrepiante de Matheus: "Ajuda-me, pelo amor de Deus! Quero matar-me"
Matheus Pereira revelou que esteve prestes a suicidar-se no Médio Oriente, abrindo o livro sobre um dos períodos mais difíceis da sua vida
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Matheus Pereira, extremo brasileiro formado no Sporting e que também passou pelo Chaves, abriu esta sexta-feira o livro sobre os períodos mais difíceis da sua vida, revelando que esteve perto de se suicidar por duas vezes no Médio Oriente, quando jogava no Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, por empréstimo dos sauditas do Al Hilal, na época passada.
O extremo, de 27 anos, que acabou por regressar ao Brasil pela porta do Cruzeiro em 2023, relatou que a primeira vez em que tentou tirar a própria vida aconteceu numa ocasião em que estava no quarto de hotel onde morava com a esposa, que se situava no 19.º andar.
"Um dia eu abri a janela do nosso apartamento, com uma vista espetacular, e só não me mandei porque a minha esposa foi mais rápida. Ela agarrou-me, puxou-me para dentro e ficámos muito tempo a chorar abraçados ali no chão da sala, sabendo que não era o fim, nem o meu, nem o do meu sofrimento”, lembrou.
Após esse episódio no hotel, Matheus explicou que começou a fazer terapia quatro vezes por semana, o que não o impediu de voltar a tentar o suicídio, novamente sem sucesso.
“Eu peguei na chave do carro e saí a correr. Não me importava o destino, desde que ele fosse o fim. Depois toca o meu telemóvel, era minha irmã mais nova. Já atendi a chorar. [Disse] ‘Eu não aguento mais, eu não aguento mais, eu não aguento mais. Ajuda-me, pelo amor de Deus! Eu quero matar-me. Eu preciso de me matar’. Ela tinha-me ligado para partilhar comigo a notícia mais feliz da vida dela: ia ser mãe... Nós conversámos bastante, a minha irmã disse que o bebé iria precisar de um tio craque que lhe ensinasse a ele ou a ela a jogar à bola. Isso comoveu-me muito e trouxe-me uma felicidade momentânea, que não foi suficiente para silenciar aquele impulso de morte na minha cabeça”, contou, revelando o que impediu esse impulso de terminar no pior cenário.
“Assim que desliguei o telemóvel, desejei ir à ponte Hudariyat [em Abu Dhabi]. [Pensou] ‘E se eu me mandar dali? É isso. Vou mandar-me dessa ponte. Pronto. Acabou’. Arranquei e o carro não pegou. Tentei de novo. Nada. Passei uns 10 minutos a tentar fazer o carro funcionar e não conseguia. Insisti de todas as formas, mas não pegava. Parecia que tinha algo a travar-me. Até que minha esposa aparece, abre a porta do carro e dá-me um abraço”, relatou.
“Eu estou aqui como prova. A terapia ajudou-me imenso e Deus mostrou-me uma luz no fundo do túnel. No meu caso, a luz das estrelas, que me guiaram na escuridão e recolocaram brilho nos meus olhos. Era o futebol a estender-me a mão, sim, mais uma vez. Espero que este testemunho possa ajudar outras pessoas que estão a sofrer. Hoje eu estou bem, melhor do que antes, e ainda tenho coisas para resolver e curar”, concluiu, numa mensagem de esperança.