Rui Silva, guarda-redes português do Bétis, abre o livro sobre a importância do fator psicológico no futebol de elite.
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As exigências do futebol de alto nível levam cada vez mais jogadores a procurar diferentes formas de complemento ao trabalho diário e, no caso de Rui Silva, esse ponto refletiu-se no recurso a um mental coach. Em entrevista ao jornal "ABC de Sevilla", antes do embate entre o clube andaluz e o Barcelona, o guarda-redes português abordou o tema sem tabus.
Saúde mental no futebol: "Trabalho com um mental coach e tenho os meus métodos para me preparar. Tal tem-me ajudado muito nestes anos para poder ficar calmo e ser líder no campo. É fundamental saber como controlar a ansiedade, respirar e ter diálogo interno para poder focar no jogo. É difícil estar concentrado durante 90 minutos, mas há que tentar estar sempre forte."
Casos de outros jogadores: "Além de jogadores somos humanos e muita gente esquece-se disso. Pensam que somos robôs ou máquinas, mas temos sentimentos, emoções e muitos problemas fora de campo. O Camarasa [jogador do Oviedo] vem de anos muito complicados e espero que ele possa recuperar, porque é um ótimo jogador e ainda melhor pessoa. A saúde mental é essencial e, ao mesmo tempo, é uma questão muito sensível. Quando cheguei à La Liga senti que precisava de algo para poder crescer e ter outra mentalidade. Quando joguei no Granada, na Segunda Divisão, era diferente porque ganhámos muitas partidas e fomos promovidos. Depois de chegar a esta nova realidade, eu acreditei que talvez não estivesse preparado para a enfrentar e, assim, procurei ajuda."
Erros dos guarda-redes: "O erro foi algo com o qual tive dificuldade em viver e sim, quando cometes um num jogo, se ficares a pensar nisso, poderás cometer erros sucessivos. Este trabalho [saúde mental] ajuda-me a esquecer os erros e continuar focado no jogo. Antes eu pensava muito sobre o que se comentava na imprensa, redes sociais... Agora, depois do que sofri, consigo concentrar-me no que é importante e deixar de lado o resto."
Sonho de jogar a Champions pelo Bétis: "Há dois anos estivemos perto, no ano passado escapou-nos nos últimos jogos, mas é importante que o clube está permanentemente na Europa e isso faz-te crescer e querer mais. O próximo passo será tentar estar na Liga dos Campeões. O treinador disse que o importante é superar o ano anterior e é isso que queremos. Temos que seguir essa mentalidade. É verdade que no ano passado pagámos a fatura de algumas expulsões, lesões...algumas coisas são controladas e outras não. São detalhes que temos que melhorar."