Premier League vai reunir-se com Amnistia Internacional para discutir "lavagem desportiva"
Filial do organismo humanitário pediu uma reunião ao órgão que tutela o futebol profissional britânico por causa do investimento de bin Salman nos <em>magpies</em>
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A compra de 80% do Newcastle, validada pela Premier League, por um fundo da Arábia Saudita, liderado por Mohammed bin Salman, cujo país é acusado de ignorar os direitos humanos, originou a reprovação da Amnistia Internacional, por considerar esse controverso negócio milionário como "lavagem desportiva".
Por essa mesma razão, a filial britânica do organismo humanitário solicitou à Premier League, conforme revelou em 15 de outubro, uma reunião para analisar possíveis alterações aos critérios de aquisição de clubes ingleses. O pedido foi, agora, aceite.
"Estamos satisfeitos por a Premier League estar disposta a falar sobre estas propostas como ponto de partida para o que esperamos seja um processo que conduza a um reforço considerável das regras de governação do futebol", afirmou Sacha Deshmukh, CEO da Amnistia Internacional do Reino Unido, em comunicado.
A Amnistia Internacional entende que as regras da Premier League, relativas a quem gere os clubes ingleses "são terrivelmente inadequadas" e alerta para a inexistência de "proibição de propriedade para cúmplices de tortura", numa alusão a atos do saudita bin Salman, novo dono do Newcastle.
Consumada a venda do emblema, a troco de mais de 300 milhões de euros, em outubro, o organismo chefiado por Sacha Deshmukh nota que essa "pareceu uma tentativa de lavar o terrível registo de desrespeito pelos direitos humanos da Arábia Saudita", através do "glamour e prestígio" da Premier League - a tal "lavagem desportiva".
O atual regulamento do órgão relativo ao processo de compra e venda de clubes ingleses debruça-se ligeiramente sobre possíveis conflitos de interesses e cadastros e não há nenhuma referência à questão dos direitos humanos. É, precisamente, isso que a Amnistia deseja ver mudado.
Desde que Mohammed bin Salman assumiu o poder na Arábia Saudita, a sociedade do país experienciou a repressão de direitos humanos, personificada na detenção de opositores ao governo e defensores dos tais direitos, que foram levados a julgamentos.
Em outubro de 2018, o jornalista Jamal Khashoggi foi assassinado no consulado saudita em Istambul, crime esse crime que a Organização das Nações Unidas disse ter sido "supervisionado, planeado e aprovado por altos funcionários" do país saudita.