Portugal em alerta laranja: Países Baixos já ameaçam o sexto lugar luso no ranking da UEFA
Países Baixos têm a melhor pontuação em 2021/22 nas provas europeias e já ameaçam o sexto lugar luso. Portugal já só tem quatro das seis equipas apuradas. Neerlandeses ainda têm cinco e, além de um Ajax em grande na Champions, aproveitam a nova Conference League para somar muitos pontos
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Portugal arrancou 2021/22 a ultrapassar a França no quinto lugar do ranking da UEFA, no seguimento da qualificação do Benfica para a Liga dos Campeões, mas depois de ter sido novamente superado pelos franceses depara-se agora com um autêntico alerta laranja.
Os Países Baixos são a nação com a melhor média de pontos - 10,4, para apenas 6,583 de Portugal - nas competições europeias este ano e ganham trunfos importantes para o futuro. Se olharmos às temporadas (2018/19, 2019/20, 2021/22 e 2021/22, assim como a próxima, por disputar) que contarão para o ranking de acesso à nova Champions, a funcionar a partir de 2024/25 e com o quinto lugar a valer três equipas com entrada direta, então o nosso país cai já para o sétimo lugar, sendo ultrapassado precisamente pelos Países Baixos.
Esta é já uma semana de decisões na Europa e se, à entrada da quinta jornada, Benfica (3.º lugar), FC Porto (2.º lugar), Sporting (3.º lugar) e Braga (1.º lugar) aspiram ainda a continuarem nas respetivas provas, os Países Baixos estão ainda em melhor posição. Em grande estilo na prova milionária, com quatro vitórias em quatro jogos, o Ajax - rendeu 17 pontos para o ranking - já está apurado. Mas os neerlandeses têm também um forte contributo da parte das três equipas que disputam a recém-criada Conference League. Isto porque se o PSV (está em terceiro) luta pela qualificação na Liga Europa, AZ Alkmaar e Feyenoord estão no primeiro lugar e a um ponto do apuramento nos respetivos grupos na terceira competição europeia, sendo que o Vitesse, também nessa prova, aspira ainda pela qualificação para a fase seguinte.
Os clubes neerlandeses somam um total de 52 pontos a dividir por cinco equipas, todas elas em competição, enquanto Portugal (no sétimo lugar do ranking da presente época) apresenta um total de 39,5 pontos, a dividir por seis formações, sendo que Santa Clara e Paços de Ferreira foram eliminados na qualificação para a Conference League. Ou seja, nesta competição os portugueses registaram apenas sete pontos, para 26,5 dos neerlandeses, que têm ainda a contabilidade em aberto.
Decisiva nesta questão é a "eliminação" do desempenho registado em 2017/18, quando Portugal fez uma média de 9,666 para apenas 2,9 dos Países Baixos, que analisando apenas essa época fecharam no 29.º posto.
À frente da nação laranja desde 2009/10, Portugal tem ganho frequentemente pontos à agora sua rival na luta pelo sexto lugar do ranking da UEFA, tendo tido como ponto alto a temporada de 2010/11. Terminou essa época como o país com melhor média pontual (18,88), fruto da Liga Europa ganha pelo FC Porto ante o... Braga, tendo o Benfica sido eliminado pelos arsenalistas nas meias-finais. Desde então, foram oito épocas a ganhar pontos aos Países Baixos, quatro delas consecutivas.
Portugal nunca baixou nas últimas épocas do sétimo posto, enquanto os neerlandeses chegaram a ocupar o... 14.º posto, em 2017/18. Desde então têm vindo a recuperar terreno e ameaçam agora seriamente o sexto lugar luso.
Tripla qualificação ainda inédita
Com os apuramentos ainda em aberto para os oitavos de final da liga dos Campeões, Benfica, FC Porto e Sporting procuram algo inédito em Portugal: uma tripla qualificação para a fase seguinte da competição milionária. Aliás, não só isso nunca aconteceu, como apenas por uma vez mais do que uma equipa conseguiu superar a fase de grupos. Em 2016/17, FC Porto e Benfica conseguiram chegar aos "oitavos", sendo que nas restantes cinco temporadas somente os dragões conseguiram a qualificação pós-fase de grupos.
FC Porto e Ajax têm máximo respetivo de pontos
Na análise realizada por O JOGO ao desempenho desde 2010/11, quando Portugal teve a melhor média de pontos na Europa, o FC Porto foi quem, entre as equipas lusas, mais pontos somou. Precisamente em 2010/11, quando venceu a Liga Europa, conquistando 30 pontos. Já o Ajax destacou-se nos Países Baixos, com 32 em 2018/19, quando eliminou o Benfica e chegou às "meias" da Champions.
Fiscalidade a incentivar
Ao contrário de Portugal, nos Países Baixos os futebolistas estrangeiros estão inseridos num grupo de trabalhadores qualificados, tendo por isso direito à chamada "regra dos 30 por cento", que permite a estes jogadores uma isenção de 30 por cento do seu ordenado durante, desde 2019, cinco anos. Ou seja, reduz a taxa de imposto no ordenado do jogador em 36 por cento. A regra, existente há já largos anos, foi contestada por vários setores da sociedade neerlandesa, mas em 2017 a federação de futebol conseguiu acertar com o Governo a continuidade da vantagem.
Portugal tem também um regime especial para atrair trabalhadores, o programa Residente Não Habitual, que permite a aplicação de uma taxa de imposto apenas de 20%. Porém, o desporto não está incluído, sendo que os principais clubes nacionais acabam por ver os seus futebolistas taxados com um imposto de 53 por cento.
Uma política diferente seguida nos Países Baixos é também a entrega de parte das receitas europeias aos outros clubes - 5% dos ganhos nas fases de grupos e 3,75 nas eliminatórias seguintes -, de forma a promover uma equidade entre os clubes profissionais. Além disso, tem existido também cuidado com os calendários, reagendado-se partidas, como com o Ajax, quando jogou as "meias" da Champions em 2018/19, com o Tottenham.
FPF preferia regime favorável a sub-23
Em vigor desde o início de 2019, o Programa Regressar é um incentivo fiscal que, este sim, pode ser aplicado aos futebolistas. No caso é, contudo, válido apenas para ex-residentes em Portugal, sendo Pepe um exemplo dos benefícios desta política fiscal. O FC Porto assegurou o regresso do central em janeiro de 2019 pagando IRS sobre apenas 50 por cento do seu rendimento.
A Federação Portuguesa de Futebol preferia, contudo, segundo apurou O JOGO, aplicar esta medida a um outro escalão. A FPF entende que seria mais favorável que este regime fosse aplicado a jogadores menores de 23. Seria assim mais fácil segurar os jovens talentos, atraídos pelos elevados salários pagos noutros países da Europa, e aumentar a competitividade dos clubes nacionais nas provas europeias.