"Por vezes, fiquei sozinho a pensar: 'Já não quero ter dinheiro. Não quero jogar'"
O internacional francês Paul Pogba revelou que chegou a ponderar deixar o futebol.
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Paul Pogba está preocupado com os últimos atos de violência ocorridos em França e, numa entrevista exclusiva à Al Jazeera, manifestou esse sentimento, sobretudo devido ao assassinato de Nahel Merzouk, um jovem de 17 anos, por um agente da polícia. O cidadão francês, de ascendência argelina e marroquina, foi morto a tiro nos subúrbios de Paris, dando início a uma onda de manifestações violentas na capital francesa. O médio da Juventus admitiu ter medo que "a França expluda" e pede justiça para os responsáveis.
"Não quero que a França expluda. Não quero ter de ver todas as pessoas a partir carros de vizinhos, lojas e coisas do género, porque isso não ajuda. Mas o que ajudaria seria a justiça. Não me parece que seja permitido disparar sobre alguém que está desarmado, dar-lhe um tiro no coração porque não tem carta de condução e porque se foi embora. E o polícia deixa de trabalhar para a esquadra de onde é oriundo e pronto? Isto não está certo", afirmou o centrocampista, de 30 anos.
Paul Pogba, que foi vítima de chantagem e extorsão por parte de um grupo organizado na temporada passada, também abordou outros temas, falando sobre a saúde mental, o facto de ter sido detido sob a mira de uma arma por um grupo de criminosos e o racismo e as pressões que um jogador enfrenta enquanto atleta de elite. "O futebol é bonito, mas é cruel. As pessoas podem esquecer-se de nós. Podes fazer uma coisa fantástica e no dia seguinte não és ninguém", atirou.
Por fim, o internacional francês, que foi campeão do mundo pelos "bleus" em 2018, na Rússia, comentou o efeito negativo que o dinheiro pode provocar. "O dinheiro muda as pessoas, pode separar uma família ou criar uma guerra. Por vezes, fiquei sozinho a pensar: 'Já não quero ter dinheiro. Não quero continuar a jogar. Só quero estar com pessoas normais e que me amem por aquilo que sou, não pela fama nem pelo dinheiro'. Por vezes, é difícil", confessou.
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