Pedro Resende é um português a treinar na 2.ª Divisão da Chéquia, o histórico Ceske Budejovice. Bicampeão no Luxemburgo deu o salto e ainda espera atingir Portugal
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Antigo defesa que percorreu vários clubes do grande Porto e do norte, Pedro Resende é o técnico do Ceske Budejovice, da Chéquia, agora na 2.ª Divisão, detentor de pergaminhos no escalão maior. Foi uma vida no Luxemburgo como jogador e treinador que lhe marcou a carreira, conseguindo, aos 48 anos, fruto do ganho de reconhecimento do futebol no país e com o seu currículo de duas conquistas do título consecutivas pelo Differdange, promover um novo contexto de trabalho com um alcance bem mais atrativo.
"Penso que foi um passo muito positivo no meu trajeto, pois cheguei a um campeonato profissional com maior visibilidade", elucida Pedro Resende, lendo o sucesso que ofereceu uma preciosa catapulta. "O futebol luxemburguês evoluiu imenso nos últimos anos, muitos jovens jogadores foram saindo para outros campeonatos, mormente Alemanha, e isso gerou maior interesse. No Differdange fizemos história, pois em dois anos foram vencidos dois campeonatos, foram também batidos alguns recordes e fomos, por exemplo, a melhor defesa de todos os campeonatos europeus. Esses factos ajudaram a tornar mais visível o nosso trabalho e daí esta chegada ao futebol checo, mesmo a partir da 2.ª Divisão", relata o português, documentando uma baliza que só foi violada sete vezes em 30 jogos.
O técnico - tem como adjunto Miguel Santos, antigo timoneiro da equipa feminina do Braga - procura ser guiado pela mesma estrela no histórico Ceske Budejovice, conhecido popularmente como 'Dynamo'.
"A adaptação foi fácil, o grupo mostrou-se disponível desde o primeiro dia, revelando satisfação no trabalho. É um clube histórico que tem passado por muitas alterações nos últimos anos. O contacto deu-se a partir do diretor-desportivo, que apreciou o meu perfil. Depois tudo foi rápido e a chegada deu-se a duas semanas de iniciar o campeonato", regista.
Ainda com dificuldades de consistência neste arranque de época, Pedro Resende vai alertando para os objetivos presentes. "A realidade do Dynamo é muito díspar de antigamente. Estamos a trabalhar para tentar desenvolver o clube novamente, levá-lo à 1.ª Divisão, mas para já só podemos apontar à permanência", sublinha o técnico português, identificando as particularidades já testemunhadas na prova que abraçou, bem como na Liga Checa, agora uma meta e também oferecendo visão apurada, no que toca a imaginar o duelo mais frente do FC Porto com o Plzen.
"É um campeonato diferente do nosso, mais físico, com muitos golos de bola parada, mas, tecnicamente, de menor nível do que o português. Nessa disputa, o FC Porto será claramente superior", garante, confessando o apetite por um regresso a casa, que a tempo inteiro é cenário afastado desde 2003-04, quando rumou ao Luxemburgo, após passagem pelo Nogueirense.
"É um grande objetivo, esta temporada ainda não foi possível, porque surgiu este convite. Mas espero estar, num futuro próximo, a treinar em Portugal", afirma Pedro Resende, contando os dias para encontrar a figura da terra, bem conhecido de Portugal. "Aqui todos falam do Poborsky. Mal se entra no estádio surge a fotografia dele e é considerado o mais importante jogador da história do Dynamo. Ainda não tive o prazer de estar com ele", conclui.